FMI melhora projeção de crescimento do Brasil e reduz a da Alemanha

Fundo Monetário Internacional elevou previsão de crescimento do Brasil de 2,1% para 3% em 2024. Já a Alemanha deve ter crescimento zero em 2024.

Por Deutsche Welle

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou nesta terça-feira (22/10) suas previsões de crescimento econômico para 2024 para os Estados Unidos e Brasil, mas cortou para China e Alemanha.

O relatório Perspectiva Econômica Global do FMI divulgado nesta terça apontou que as mudanças deixarão o crescimento do PIB global em 2024 inalterado em relação aos 3,2% projetados em julho, estabelecendo um tom fraco para o crescimento no momento em que os líderes financeiros mundiais se reúnem em Washington esta semana para as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.

A previsão para o crescimento global em 2025 é de 3,2%, 0,1 ponto percentual abaixo do previsto em julho, enquanto o crescimento de médio prazo deve cair para 3,1% em cinco anos, bem abaixo da tendência pré-pandemia, mostrou o relatório.

No entanto, o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, disse que os EUA, a Índia e o Brasil estavam mostrando resiliência. "Parece que a batalha global contra a inflação foi amplamente vencida, mesmo que as pressões de preços persistam em alguns países”, disse Gourinchas.

FMI eleva projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2024

No relatório, o FMI elevou, de 2,1% para 3%, a projeção de crescimento da economia brasileira neste ano. Segundo o Fundo, a economia brasileira crescerá mais que o previsto por causa de resultados melhores que o esperado no primeiro semestre, o mercado de trabalho forte, a inflação sob controle e o aumento da renda. O FMI também citou impacto menor que o esperado das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o Produto Interno Bruto (PIB).

As estimativas para 2024 estão abaixo das previsões oficiais. A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda projeta crescimento de 3,2% neste ano.

Apesar da melhoria nas expectativas para 2024, o FMI estima desaceleração para 2025, com o crescimento caindo de 2,4% para 2,2%. O FMI justificou a redução da estimativa de crescimento por causa da redução dos estímulos fiscais c e dos juros elevados.

Alemanha estagnada

Para a Alemanha, as previsões do FMI são negativas. O fundo estima que a economia da Alemanha deve estagnar neste ano, enquanto todos os outros países do G7 devem registrar crescimento. Ou seja, a Alemanha deve ter crescimento zero.

O FMI havia previsto uma expansão de 0,2% para a Alemanha em suas projeções anteriores.

A revisão para baixo segue um corte nas estimativas do governo alemão para uma contração de 0,2% em 2024, ante crescimento de 0,3% esperado anteriormente.

A economia da Alemanha já era a mais fraca entre seus pares da zona do euro e outros países do G7 no ano passado, com um declínio de 0,3% no PIB.

Para 2025, o FMI prevê que a economia da Alemanha crescerá 0,8%, tendo projetado anteriormente uma expansão de 1,3%.

Enquanto isso, a estimativa é de que a economia da zona do euro terá crescimento de 0,8% em 2024 e 1,2% em 2025.

Rússia em crescimento, apesar das sanções

O FMI ainda revisou as previsões de crescimento para a Rússia em 2024, apontando agora um aumento do PIB de 3,6%, acima dos 3,2% previstos em julho, mas piorou as projeções para 2025.

Este desempenho econômico surge mesmo numa altura em que o país está sujeito a sanções, sendo que Moscou injetou milhares de milhões de dólares na campanha militar na Ucrânia, gastos que ajudaram a economia nacional a absorver o choque das sanções ocidentais, que o Presidente russo, Vladimir Putin, insiste que "falharam".

O FMI, no entanto, reduziu as previsões de crescimento para 2025, de 1,5% para 1,3%, num contexto de problemas estruturais persistentes.

Argentina: aumento do PIB, mas problemas persistentes

O fundo manteve nesta terça-feira sua previsão de crescimento da Argentina para este ano em 3,5% e, embora tenha elogiado a direção das políticas do presidente do país, Javier Milei, disse que ainda há muito trabalho a ser feito.

"Nossas projeções para a Argentina não mudaram desde julho. Nossa equipe está conversando com as autoridades do país em meio a negociações, mas os números são os mesmos de julho", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em entrevista coletiva.

Essas previsões apontam para uma contração da economia de 3,5% em 2024 e uma recuperação de 5% em 2025, ano para o qual Gourinchas também prevê uma queda substancial da taxa de inflação no período anualizado para 62,7% em comparação com os atuais 229,8%.

De acordo com os últimos dados oficiais, a inflação em setembro foi de 3,47%, a menor desde novembro de 2021, e a taxa no período anualizado foi de 209%.

A publicação desse relatório, que ocorre no contexto das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial (BM), coincide com o primeiro ano de mandato de Milei, que assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023 e implementou um plano de ajuste severo.

A Argentina é o país que mais deve ao FMI e, por sua vez, o FMI é seu principal credor. A dívida da Argentina com o FMI atualmente é de cerca de US$ 43 bilhões.

EUA e China

O FMI também revisou sua previsão de crescimento dos EUA para 2024 para cima em 0,2 ponto percentual, para 2,8%, devido em grande parte ao consumo mais forte do que o esperado, alimentado pelo aumento dos salários e preços dos ativos. O fundo também atualizou sua perspectiva de crescimento dos EUA para 2025 em 0,3 ponto percentual, para 2,2%.

O fundo ainda cortou a taxa de crescimento da China em 2024 em 0,2 ponto percentual, para 4,8%, com o impulso das exportações líquidas compensando parcialmente a fraqueza contínua no setor imobiliário e a baixa confiança do consumidor. A previsão de crescimento da China em 2025 do FMI permaneceu em 4,5%, mas a perspectiva não inclui nenhum impacto dos planos de estímulo fiscal recentemente anunciados por Pequim, que ainda estão em grande parte indefinidos.

A Índia continua sendo um ponto positivo, com o maior crescimento projetado entre as principais economias, de 7,0% em 2024 e 6,5% em 2025, inalterado em relação à previsão de julho.

jps (Reuters, AFP, Lusa, ots)

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