"Essa semana a gente ultrapassa a marca dos 50 milhões de doses entregues ao Programa Nacional de Imunização, então é mais um marco que deixa a gente bastante feliz. O sucesso que a gente conseguiu no escalonamento da produção e estamos entregando todo esse quantitativo ao Ministério", anunciou o Mauricio Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, a unidade da Fiocruz responsável pela produção da vacina de Oxford/Astrazeneca no Brasil.
O céu azul e o sol brilhando no Rio pareciam adornar o comunicado otimista feito no dia em que o Brasil começa a receber o banco de células que vai permitir a produção do IFA nacional. A Fiocruz ainda deve receber mais um ou dois carregamentos do produto que vai trazer a independência na produção de vacinas.
A boa notícia, entretanto, esconde uma diminuição no número inicial previsto de doses entregues até o fim do ano. O contrato assinado com o Ministério da Saúde estimava a entrega de 100,4 milhões de unidades ainda no primeiro semestre, mas, faltando 28 dias para o fim do prazo, a fundação ainda não atingiu nem a metade da contratação.
Havia também a previsão de mais 110 milhões de doses no segundo semestre, mas a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, já diz que esse número pode não ser alcançado: "A nossa meta é ir ao máximo. Os 110 milhões foram uma estimativa com os dados que tínhamos antes mesmo de a vacina ter sido aprovada".
Os 110 milhões foram uma estimativa com os dados que tínhamos antes mesmo de a vacina ter sido aprovada
A nova estimativa é de produção de 50 milhões de doses com IFA nacional e 50 milhões com insumo importado. Com isso a Fiocruz deve entregar perto de 40 milhões de doses a menos do que o previsto no contrato com o Ministério da Saúde. O total inicial seria de 210,4 milhões. Somando os 50 milhões já entregues mais 18,5 milhões previstos para junho e 100 milhões do segundo semestre temos 168,5 milhões.
Outros dois problemas podem emperrar a produção neste segundo semestre. O primeiro é que pode haver um período de até dois meses sem entregas enquanto a Fiocruz termina a transferência de tecnologia, e o segundo é que a produção do IFA limita o espaço da fábrica.
"Quando eu estiver produzindo banco (de células), eu tenho que parar minha produção porque é no mesmo lugar que você produz a vacina", explicou Mauricio Zuma.
Quando eu estiver produzindo banco (de células), eu tenho que parar minha produção porque é no mesmo lugar que você produz a vacina
Zuma falou até na possibilidade de seguir comprando matéria-prima importada mesmo depois de estabilizada a produção de IFA nacional. Ele explicou que é preciso fazer análise para o melhor aproveitamento do espaço.
Além disso, uma nota de ontem da Fiocruz dizia que as primeiras doses com IFA 100% nacional começam a ser entregues em outubro, com capacidade de fabricação de 15 milhões de doses por mês. Considerando lotes em outubro, novembro e dezembro, chegaríamos a um total de 45 milhões e não os 50 milhões anunciados.