Fim dos filtros no Instagram? Decisão da Meta encerra efeitos de embelezamento a partir de hoje

Efeitos criados por usuários e marcas com uso de Realidade Aumentada não serão mais disponibilizados pela plataforma; apenas filtros criados pela Meta estarão disponíveis e usuários buscam alternativas

Por Rafaela Lara

A partir desta terça-feira (14) filtros criados por terceiros não estarão mais disponíveis no Instagram
Banco de Imagens

A Meta, dona do Instagram, Facebook, Threads e WhatsApp, anunciou no ano passado que iria suspender a plataforma associada à rede social Instagram que permite a criação de filtros por usuários e marcas. A medida entra em vigor nesta terça-feira (14). 

Entre os filtros produzidos por terceiros estão os famosos efeitos de "embelezamento", que modificam os traços do rosto, e de jogos interativos - ambos estão suspensos, segundo o anúncio da Meta. De agora em diante, apenas os filtros criados pela própria empresa estarão disponíveis no Instagram.

A plataforma de criação de filtros Spark AR Studio permitia que usuários e marcas criassem filtros com Realidade Aumentada (RA) e pudessem publicá-los em stories. Ao anunciar o fim da plataforma de filtros, a Meta apenas informou que os filtros criados pela própria empresa ainda estarão disponíveis e que a decisão de encerrar a plataforma Spark AR Studio acontece para se adequar às "necessidades futuras de nossos consumidores e clientes". 

"Essa decisão faz parte dos nossos maiores esforços para priorizar os produtos que acreditamos serem os mais adequados para atender às necessidades futuras de nossos consumidores e clientes comerciais. Estamos comprometidos em tornar essa transição o mais tranquila possível. Aqueles que usam o Spark e nossos efeitos de RA de terceiros podem continuar a utilizar essas ferramentas até o dia 14 de janeiro de 2025", diz a nota da Meta, publicada em agosto de 2024.  

Quais são as alternativas para continuar usando filtros e o que é a Realidade Aumentada (RA) 

A Realidade Aumentada (RA), presente nos filtros da rede social, é uma tecnologia que permite a sobreposição de elementos digitais ao mundo real, criando uma experiência interativa diante da câmera do celular. 

A tecnologia permite que os usuários interajam com a realidade virtual, que é tudo o que se sobrepõe ao que vemos na câmera. A modificação da cor dos olhos, dos cabelos entre outros recursos de beleza e interatividade com os elementos da cena filmada ou fotografada com o celular também são RA. 

"Quando lançamos essa plataforma há sete anos, as experiências com realidade aumentada eram novas para a maioria dos consumidores. Desde então, a imaginação, inovação e criatividade de nossa comunidade de criadores de RA ajudaram a expandir o alcance da RA para centenas de milhões de pessoas nas plataformas da Meta", diz a nota da Meta. 

Usuários adeptos dos filtros, no entanto, já buscam alternativas para permanecerem usando os efeitos ou para criar novos. Outras redes sociais como o Snapchat e o TikTok ainda permitem os filtros e podem registrar aumento de usuários a partir da suspensão anunciada pela Meta.

O TikTok, no entanto, anunciou que restringiu determinados filtros, incluindo os que modificam traços faciais, para menores de 18 anos. Segundo o anúncio da rede social, divulgado em novembro, a restrição visa preservar a saúde mental dos jovens. 

Já a rede social BeReal não disponibiliza nenhum tipo de filtros para fotos na plataforma. A proposta da rede é de que as pessoas possam compartilhar o seu dia a dia sem a necessidade de parecer perfeito. Além de proibir filtros, a BeReal também não permite edição de imagens, vídeos, exibição de número de seguidores ou a possibilidade de arquivar imagens postadas.

A Meta Spark no Instagram informou que a conta, com 105 mil seguidores, será excluída a partir desta terça. A publicação agradece aos criadores de filtros e orienta usuários interessados a seguirem a conta de desenvolvedores da Meta. 

Nos comentários, criadores que trabalham com RA e usuários manifestaram desapontamento com a decisão. “Extremamente decepcionante. Vou ter que usar outras plataformas”, diz um seguidor. Outro usuário afirma que a decisão “joga fora a melhor ferramenta do aplicativo”. “A Meta mostra, mais uma vez, que não se importa com seus criadores”, disse outro seguidor. 

Fim dos filtros: Decisão da Meta de encerrar filtros de ‘embelezamento’ e de jogos interativos começa a valer hoje 

Filtros de embelezamento alteram a percepção da própria imagem 

Usando a câmera do celular, o software usado para criação de filtros de Realidade Aumentada identifica pontos chave do rosto como olhos, nariz e boca, e aplica alterações programadas. A tecnologia permite a aplicação de maquiagem virtual, mudança das expressões faciais, alterações nos traços do rosto e até mesmo alterações na cor da pele. A partir dos 13 anos é possível criar uma conta no Instagram e usar os filtros. 

Para o psicólogo Maycon Rodrigo Torres,  professor adjunto da Universidade Federal Fluminense (UFF), as pesquisas já evidenciam o impacto desses filtros na saúde mental e na autoimagem, mas a tendência é que as pessoas busquem outros meios ou plataformas que possam oferecer esses tipos de efeitos.

“Considerando que os transtornos depressivos têm interface com a questão da autoestima e beleza, esse elemento tem que ser visto com mais cuidado. O fenômeno que a gente assistiu nesses últimos anos são pessoas fazendo cirurgias plásticas para se aproximar da imagem que elas veem com o filtro (...) o que a gente pode assistir agora é o uso de outras formas de você tentar manter esse ideal”, disse.

Para a médica Gabriela Schwartzmann, cirurgiã plástica e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os filtros criam expectativas irreais. "Pacientes trazem fotos com filtro ao consultório mostrando o que eles desejam. Muitas vezes as alterações são alcançáveis, mas em determinados casos são expectativas irreais", disse.

A cirurgiã plástica acredita que reduzir a exposição a esse tipo de filtro pode trazer benefícios para a autoestima e autoaceitação. "A redução do uso desses filtros seria muito benéfica para a autoestima de muitos, especialmente mulheres que acabam sendo sugestionáveis a imagens de redes sociais que já estão realmente manipuladas."

Outra mudança anunciada pela Meta encerra checagem de fatos 

A Meta anunciou recentemente que vai encerrar seu programa de checagem de fatos terceirizado nos Estados Unidos. No lugar dessa política, a empresa adotará o sistema de notas da comunidade, semelhante ao que já é feito na rede social X, antigo Twitter. O anúncio foi feito na última terça-feira (7) pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg, que citou o presidente eleito Donald Trump em seu pronunciamento. 

"As eleições recentes também parecem um ponto de inflexão cultural, no sentido de voltar a priorizar o discurso”. Zuckerberg também afirmou que "países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que empresas removam conteúdos de forma silenciosa". 

Zuckerberg não fala quais são os países da América Latina, mas é o argumento semelhante ao adotado por Musk em relação à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o bloqueio do X no Brasil no final de outubro após a empresa não obedecer a ordens judiciais. No Brasil, a Advocacia-Geral da União (AGU) deu 72 horas para a Meta detalhar a decisão e informar quais medidas adotará para proteção dos direitos fundamentais, com respeito à legislação e à Constituição brasileira. O prazo terminou nesta segunda-feira (12) e a AGU analisa a resposta da empresa.

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