Fernandinho Beira-Mar, um dos principais líderes do Comando Vermelho, foi transferido do presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para a penitenciária de Catanduvas, no Paraná. A transferência aconteceu no último sábado (2) e divulgada nesta segunda-feira (4).
Entre os dias 1º e 3 de março, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), por intermédio da Diretoria do Sistema Penitenciário Federal (DISPF), realizou o rodízio periódico de 23 presos entre os presídios federais, para garantir o enfraquecimento das lideranças do crime organizado.
Segundo o órgão, o remanejamento de presos no âmbito do Sistema Penitenciário Federal é medida para o “perfeito funcionamento” dos presídios, porque visa impedir articulações das organizações criminosas dentro das unidades de segurança máxima, além de enfraquecer e dificultar vínculos nas regiões onde se encontram as penitenciárias.
“É importante salientar que a movimentação dos internos é parte da rotina das unidades e, por questões de segurança, a Senappen não informa a localização dos presos, nem detalhes dessas operações”, informou o órgão em comunicado.
A mudança de penitenciária federal aconteceu após o presídio de Mossoró registrar a primeira fuga de detentos da unidade de segurança máxima. As buscas por Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça envolvem mais de 600 agentes de segurança, das Polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar, e da Força Nacional.
Desde que foram inauguradas as primeiras penitenciárias federais em 2006, gestores públicos vinculados aos sucessivos governos asseguraram, em diferentes momentos, que tais unidades seriam invioláveis. No entanto, a fuga de dois detentos da penitenciária de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 14 de fevereiro, colocou em xeque esses discursos.
No Brasil, há cinco penitenciárias federais em funcionamento. Classificadas como presídios de segurança máxima, cada unidade conta com sistema de vigilância avançado com captação de som ambiente e monitoramento de vídeo – material de vigilância que a secretaria afirma ser replicado, em tempo real, para a sede da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), em Brasília.
Mudanças em Catanduvas
Depois da fuga inédita no presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte, todo o procedimento de segurança da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná, está sendo revisto.
“Drones com câmera térmica já estão sendo testados. E detectores faciais devem ser instalados nos próximos dias”, explicou o policial Fernando Lopes.
“Fazendo esse check, tanto de luminárias quanto de shaft, quanto de teto e controle de acesso e até de procedimentos”, contou
A unidade no Paraná é a mais antiga das prisões federais do país. Foi inaugurada em 2006. Por aqui já passaram criminosos perigosos como Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP e Elias Maluco. Glaidson Acácio dos Santos, o "faraó dos bitcoins", está preso na unidade, depois de aplicar golpes bilionários com criptomoedas.
A cela da unidade é idêntica à que os fugitivos de Mossoró estavam. O local tem espaço onde eles tomam banho de sol. Uma cama, mesa e um banquinho, tudo de concreto. Ao fundo tem o vaso sanitário e uma pia.
E também a luminária, por onde escaparam lá em Mossoró. Só que em Catanduvas tem um diferencial: desde 2018 essa luminária foi trocada. Aqui é de metal blindado.