"Favela Rica": periferia consome R$ 120 bilhões por ano

Periferia consome R$ 120 bilhões por ano

Da Redação, com Jornal da Band

 Periferia consome R$ 120 bilhões por ano  Reprodução TV
Periferia consome R$ 120 bilhões por ano
Reprodução TV

Mais de 14 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil. Entre becos e vielas, existe um mercado consumidor gigantesco, como mostra o repórter Yan Boechat na nova série de reportagens especiais do Jornal da Band.

De longe, as construções sem reboco parecem uma coisa só. Um amontoado de blocos sem forma definida. Uma pincelada marrom na paisagem das grandes cidades. De perto, no entanto, as favelas brasileiras vêm se mostrando cada vez mais atrativas. Em especial para quem consegue cruzar as fronteiras do preconceito. E descobre o potencial econômico de uma população imensa, que movimenta mais de R$ 100 bi ao ano. São consumidores e empreendedores ávidos por acessar mercados que até pouco tempo pareciam distantes.

Renato Meirelles, presidente do grupo Locomotiva, tem se dedicado a estudar as favelas e as periferias brasileiras. Criou o DataFavela, um instituto de pesquisas que busca entender a realidade das mais de 7 mil comunidades espalhadas pelo País.

"As favelas representam um mercado muito grande, estamos falando de mais de 14 milhões de pessoas, que movimentam mais de R$ 120 bilhões por ano", explica.

Celso Athayde foi um dos primeiros a perceber exatamente a potência econômica das comunidades. Criou a Central Única das Favelas (Cufa), uma entidade que busca, antes de tudo, gerar riqueza nos locais onde atua.

"Aqui estão pessoas que consomem e produzem, não podemos vê-los como carentes, mas sim como potentes. As empresas sabem disso e muitas vezes elas veem com o que chamo de caô social, um discurso social, mas que na verdade não tem nenhuma responsabilidade social ou nenhum interesse em fazer social, o que elas querem em número muito expressivo é ganhar dinheiro na favela”, diz.

O papo “direto e reto” de Celso Ataíde é o novo normal entre aqueles que fazem a ponte desse enorme mercado consumidor com as grandes empresas.

Adriana Barbosa criou uma feira para reunir empreendedores negros e de áreas periféricas das cidades brasileiras há quase 20 anos. Nessas duas décadas, viu uma transformação importante na relação com as grandes empresas, com aquelas que tem dinheiro de verdade. Companhias que perceberam um mercado enorme, mas que é pouco compreendido por elas.

“Quando as marcas se aproximam a população negra também está propondo: olha, a gente quer dessa forma, a gente não quer... sabe, acho que essa transformação que tem ocorrido de forma muito recente de que há uma aproximação, mas não é uma relação hierárquica das empresas para população preta ou periférica, é tipo estamos aqui, vamos dialogar, vamos negociar, parelho, entendeu”, pondera a empreendedora social.

Lucas Pretin Alves, um jovem de 19 anos, da periferia de São Paulo se tornou parceiro de grandes multinacionais. Integrante do grupo de funk paulista NGKS, ele agora faz parte de um conjunto de influenciadores digitais focados nas favelas.

“Ser influencer é meio complicado, né? Você tem que saber o que você vai falar, tem que saber o seu público, conhecer, saber o que ele gosta, sempre está na rede social mandando um 'oi, bom dia, vai ter vídeo novo, vai ter aquilo'. Para ser digital influencer é uma coisa que tem que gostar e estar ativo 24 horas por dia”, relata Pretin.

Por meio de Lucas, bancos, supermercados e empresas de tecnologia buscam conquistar a confiança de um público que por muito tempo esteve distante.

“Me sinto vitorioso, deu pra alcançar várias marcas legais que nunca imaginei trabalhar. E é uma boa forma de você ganhar um mega desempenho na sua rede social trabalhando com marcas, e seu público fala 'pô, olha o Alves como ele está trabalhando com tal marca, que legal'. Eu gosto que o preto ele tenha autoestima, mostro a beleza, como ele pode se cuidar, cabelo, é isso que tento tratar com meu público”, orgulha-se.

Nesta quarta-feira (6), na segunda reportagem da série, você vai saber como a pandemia e a resposta das comunidades ao coronavírus estreitaram ainda mais a relação entre empresas e favelas.

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