A farinha usada no bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família no Rio Grande do Sul tinha uma quantidade de arsênio 2,7 mil vezes maior que o permitido. É o que indica o Instituto-Geral de Perícias do estado, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (6).
A Polícia Civil prendeu uma mulher, apontada como a nora de Zeli Terezinha Silva dos Anjos, de 61 anos, que havia feito o bolo. Segundo o delegado Marcos Veloso, a família tinha uma convivência harmoniosa, mas que havia divergências com a acusada, que pode responder por triplo homicídio.
Sobre a perícia, forma encontradas concentrações altíssimas de arsênio nas amostras de sangue, urina e conteúdo estomacal das três vítimas fatais. Uma concentração permitida de arsênio na urina, por exemplo, é de 0.35 microgramas por litro. Mas, em uma das vítimas, foi encontrada uma quantidade 350x maior que a permitida.
No bolo, foram também encontradas concentrações altas de arsênio. A perícia indica que é impossível dizer que é uma contaminação natural, como da degradação de um ingrediente. O arsênio, portanto, entrou na receita do bolo de alguma forma. Foram analisadas 89 amostras e uma de farinha apresentou altíssima concentração de arsênio.
Investigação
Seis integrantes de uma mesma família buscaram atendimento médico no dia 23 de dezembro após apresentarem sintomas de intoxicação, que posteriormente foi atribuída ao consumo de um bolo contendo arsênio, conforme análise da Polícia Civil.
Três dessas pessoas acabaram falecendo: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, irmãs de Zeli, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza. Zeli, que preparou o bolo, permanece internada na UTI em estado estável, segundo o último boletim médico. Já um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, precisou de hospitalização por alguns dias, mas já se recupera em casa. Um outro membro da família, um homem, recebeu alta após ser atendido.
A Polícia Civil apura a possibilidade de intoxicação alimentar ou de envenenamento. Além disso, abriu também uma investigação sobre a morte do ex-marido da mulher da mulher que preparou o bolo. Ele morreu em setembro de 2024 também em decorrência de uma suposta intoxicação alimentar.
A suspeita foi presa no domingo (5) e conduzida ao Presídio Estadual Feminino de Torres. Segundo os policiais, o pedido de prisão foi baseado não apenas na desavença da nora com a família, mas em outras evidências que serão detalhadas futuramente, após a conclusão do inquérito e o indiciamento.