Famílias de todo Brasil enfrentam calor e cansaço para velório de Pelé

Torcedores e fãs sentem que é obrigatório homenagear o Rei do Futebol e clima é de luto pela Vila Belmiro

Por Luiza Lemos

A família de Guarulhos madrugou na entrada da Vila Belmiro Reprodução/Band/Luiza Lemos
A família de Guarulhos madrugou na entrada da Vila Belmiro
Reprodução/Band/Luiza Lemos

Vários torcedores de diversos estados do Brasil não param de chegar ao Estádio Urbano Caldeira, famosa Vila Belmiro. A fila de milhares de pessoas começou desde a madrugada de segunda-feira (2), que enfrentam o calor, fome e cansaço para se despedir de Pelé, que morreu na última quinta-feira (29), vítima de um câncer de cólon. 

Kelly Cristina e Igor Lima vieram de Guarulhos durante a madrugada com a filha, Atena, de apenas um ano. O casal desceu a serra às 3h e pararam no monumento em homenagem ao Rei na entrada da cidade de Santos. “A gente queria ver o caixão passar, então paramos ali e esperamos a chegada do Pelé na cidade”, explica Igor. 

Logo depois, a família correu para o estádio. “Não dormimos, descemos tranquilamente e estamos desde às 3h, mas vale a pena”, diz Igor. Para ele, Pelé elevou o nome do país, é parte da história do Brasil, do mundo. “É uma obrigação estarmos aqui, estamos aqui para retribuir tudo o que ele fez, principalmente para o nosso Santos”, explica. 

Kelly diz que cresceu com o avô contando as histórias do jogador. “A gente veio aqui por ele, pelo meu pai, por todos que não puderam estar aqui”, diz. Os dois elogiaram a organização do Santos, que colocou grades e auxilia os visitantes do velório. “Está tudo direitinho para entrar, está tudo bem tranquilo”, afirma.

Apesar de Atena ter apenas um ano, eles pretendem contar que ela esteve no momento do velório. “Ela vai saber que esteve, vai ser santista, não tem para onde correr. Vamos contar histórias de tudo, do Pelé, de todo o Santos, principalmente o Pelé pelo o que significa”, diz Kelly. 

‘Símbolo da América do Sul’

Juan Voltas, chileno que mora há 30 anos em São Paulo, diz que Pelé é um símbolo para o Brasil e para a América do Sul. Ele, que chegou com a esposa por volta de 6h na fila, decidiu descer para prestar homenagens ao Rei. “Ele é como um cometa que aparece a cada 50 anos, então precisamos vir para homenagear o ícone que nunca mais vamos ver”, explica. 

Para ele, Pelé é um ponto de referência. “Ele elevou o nome do Santos, até no Chile, nunca mais teremos um jogador superior como ele", se emociona. Juan diz estar representando os chilenos. “Ele esteve no mundial do Chile, então foi uma alegria enorme vê-lo ganhar, acredito eu que todos do Sul, que amam futebol, vão ter o Pelé estampado no coração”, diz. 

Juan sente que vale a pena esperar o dia para se despedir de Pelé. “Eu vou levar para o Chile essa lembrança maravilhosa dessa despedida”, pontua. 

‘Somos coxa, mas o Pelé merece’

A família de Lairton Picinini de Oliveira, de 46 anos, veio de Curitiba durante as primeiras horas do dia dois. “Decidimos vir sábado, na virada, para Santos”, disse. Eliana Bandeira, que acompanha Lairton, diz que todos almoçaram com a família e partiram às 19h do dia 1º para Santos, litoral de São Paulo. 

“Chegamos 3h e já estamos na fila. Trouxemos biscoitos, água e vontade de homenagear o Rei”, disse Eliana. A família está em um hotel ao lado da Vila Belmiro. Apesar de torcerem para o Coritiba, eles deixam a rivalidade de lado. “Pelé representa a essência do futebol, o que ele fez pelo Brasil mostra que ele é símbolo mundial”, afirmou Lairton. A família pretende prestigiar Pelé e em seguida passear por Santos. 

De Rio Claro para Santos

Os primos Felipe e Theo Miranda foram acompanhados da mãe de Felipe, Helena Miranda,. Os três chegaram de Rio Claro no Natal, mas já esperando que algo poderia acontecer com Pelé. “Aproveitamos para visitar Santos, mas não poderíamos deixar passar a oportunidade de prestar uma homenagem para Pelé”, explica Felipe. 

Felipe, que é são-paulino, diz que Pelé representa muito para o Santos e para o futebol mundial. “Ele fez inúmeras conquistas então poderia deixar passar, não importa, Santos, São Paulo, o que importa é o que ele fez”, afirma. Theo, que é o único santista da família, diz que começou a torcer por Neymar, mas pontua que Pelé o influenciou. “É um time grande, com duas estrelas que sem ele, seria difícil, o Pelé é fundamental”, explica.

Helena, que tem 54 anos, diz ter visto Pelé jogar. “Era pequena, mas deu para ver um pouquinho, ele é um ícone, independente do time, ele representa o mundo”, celebra. 

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