Familiares de desaparecidos procuram governo após deslizamento no Paraná

Nem todos estão relacionados ao contexto da tragédia e algumas pessoas foram encontradas em hospitais

Da Redação, com AEN

Equipes entram no quarto dia de buscas e avançam na limpeza da pista sul da BR-376 Governo do Paraná
Equipes entram no quarto dia de buscas e avançam na limpeza da pista sul da BR-376
Governo do Paraná

Com apoio de autoridades de Santa Catarina, a Polícia Científica do Paraná faz um trabalho de busca ativa de possíveis vítimas do deslizamento na BR-376, inclusive em hospitais, a partir das ligações recebidas de familiares e amigos de pessoas que poderiam estar na rodovia no momento do incidente na última segunda-feira (28). 

De acordo com o governo, algumas informações coletadas não estão relacionadas ao contexto do deslizamento. Outras, que estavam de passagem pela BR-376, foram localizadas e as famílias foram informadas.

Até o presente momento foram constatadas 14 pessoas envolvidas diretamente no incidente, com dois óbitos e seis pessoas resgatadas com vida. As outras seis pessoas conseguiram escapar dos veículos sem precisar de atendimento.

Familiares e amigos de pessoas que possam ter desaparecido nesse local podem entrar em contato com a Central de Atendimento disponibilizada pela Polícia Científica, pelo telefone (41) 3361-7242. O serviço é 24 horas. Além disso, outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelos telefones da Centro de Operações Cidade da Polícia 0800-282-8082.

O governo do Paraná chegou a estimar até 30 pessoas desaparecidas, mas agora a expectativa é de que o número seja menor. 

O Corpo de Bombeiros mantém, desde o início das buscas, uma equipe especializada, com homens e cães, atuando em conjunto com o efetivo e maquinário da Arteris. 

Todos os veículos visíveis no local foram removidos: seis veículos pesados e três leves. O prognóstico maior, que chegou a considerar 21 veículos, não se concretizou.

Buscas e liberação da pista

As equipes do Corpo de Bombeiros e da concessionária Arteris Litoral Sul chegaram ao quarto dia de trabalho de remoção de material e buscas por veículos e vítimas do deslizamento da BR-376, no Litoral do Paraná. A operação não foi interrompida durante a noite, com a continuidade da limpeza da pista sul. As informações constam no boletim divulgado às 10h30 desta sexta-feira (2) pelo gabinete de crise que acompanha a situação.

Após a remoção de massa terrosa na pista norte, concluída na quinta-feira (1), os trabalhos de desobstrução da pista sentido sul continuam intensos. Com a condição atmosférica permanecendo favorável, a previsão é de evolução nas buscas. A operação ainda é sensível e os riscos de novos deslizamentos continuam sendo monitorados.

Força-tarefa

Na manhã desta sexta-feira, houve uma nova reunião do gabinete de crise no Centro de Operações Cidade da Polícia. As forças que estão atuando em cooperação apresentaram um balanço dos trabalhos. Foi definido que a Arteris, que participou do encontro, vai informar as autoridades federais competentes sobre as condições de liberação de uma ou das duas pistas. O gabinete de crise será informado formalmente dos próximos passos.

Segundo a concessionária, equipes da empresa que trabalham em outros trechos foram deslocadas para o local para correção de todos os pontos com problemas na pista de rolamento. A Arteris ainda informou que foram identificados 14 pontos com pequenos e médios deslizamentos de terra em outros locais da BR-376. Geólogos da empresa já passaram nesses pontos e iniciaram os projetos de correção. A empresa fará patrulha diária na cobertura vegetal da serra.

Segundo o governo do Paraná, a Defesa Civil Estadual, com toda a sua estrutura, está dando todo o apoio nas operações, bem como nas situações consequentes do evento. Além disso, as forças estão atuando em apoio às demais famílias desabrigadas no Estado, transporte de mantimentos e insumos médicos.

O Simepar tem monitorado constantemente as condições climáticas da região, informando com frequência a equipe de trabalho, o que é crucial para a projeção e evolução dos trabalhos.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) continua atuando na garantia da segurança das equipes, possibilitando a agilidade do serviço no local da ocorrência.

A Polícia Militar do Paraná tem atuado com máximo empenho através das equipes do 9º BPM (Litoral) e 17º BPM (São José dos Pinhais). A Diretoria de Desenvolvimento de Tecnologia e Qualidade da Corporação estabeleceu a comunicação entre todas as áreas, além do Batalhão de Operações Aéreas-BPMOA, que apoiou com drones e transportes aéreos.

MPF apura responsabilidade da PRF em tragédia

O MPF (Ministério Público Federal) do Paraná abriu um procedimento para investigar "eventual responsabilidade" da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na tragédia que matou pelo menos duas pessoas. 

A tragédia aconteceu depois de um primeiro deslizamento de terra, na segunda-feira (28), por volta das 15h20. A rodovia foi parcialmente liberada para o tráfego às 18 horas. 

Momentos depois, às 19h15, houve o segundo deslizamento causando a tragédia sobre o comboio de veículos que estava acumulado na estrada devido ao primeiro bloqueio e à chuva. 

A interdição parcial e as condições do trânsito no local fizeram com que a rodovia ficasse congestionada. O deslizamento de terra tomou cerca de 200 metros da pista arrastando ao menos 16 carros e cinco caminhões e deixando duas pessoas mortas. 

Quem liberou

A PRF diz que a decisão sobre a interdição da pista era da concessionária Arteris Litoral Sul, responsável pela administração do trecho.

O procedimento do MPF para investigar as responsabilidades foi aberto na quinta-feira (1°). 

Em nota, o MPF afirma investigar "eventual responsabilidade" apenas da PRF, mas informou que acionou a Arteris, pedindo informações.

A PRF informou nesta sexta-feira (2) que “encaminhará ao MPF todas as informações que foram solicitadas no procedimento instaurado”.

Anteriormente, a PRF afirmou mais de um vez que cabia à empresa, com base no histórico da pista e nas diretrizes de segurança, decidir pelo fechamento. 

Em resposta, a concessionária havia dito que ainda era prematuro apontar as causas da tragédia.

Nota do MPF

"Por meio da Coordenação de Controle Externo da Atividade Policial, o Ministério Público Federal no Paraná instaurou ontem, 01/12, procedimento para apurar eventual responsabilidade da PRF no deslizamento de terra na BR-376, no Município de Guaratuba. O MPF está acompanhando e aguardando o envio de informações solicitadas, com urgência, à concessionária e à PRF, sem prejuízo de eventual instauração de procedimentos em outros temas, como consumidor/ambiental".

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