Extradição de Assange para os EUA passa a depender do governo britânico

Fundador do site Wikileaks está preso em penitenciária de segurança máxima na Inglaterra

Da Redação, com agências

Jornalista foi preso em 2019 na embaixada do Equador em Londres
REUTERS/HENRY NICHOLLS

O processo de extradição de Julian Assange passou para as mãos do Governo do Reino Unido, nesta quarta-feira, depois de um tribunal de Londres ter emitido uma ordem oficial para a transferência do fundador do site Wikileaks para os Estados Unidos.

Assange, de 50 anos, ainda pode recorrer da ordem – e de outras questões relacionadas com o pedido inicial, feito pelo Departamento de Justiça norte-americano, em 2019 –, mas é cada vez mais certo que a palavra final será da ministra do Interior, Priti Patel.

Ao anunciar a sua decisão, no final de uma audiência que durou apenas sete minutos, o juiz Paul Goldspring, do Tribunal dos Magistrados de Westminster, disse que esta era a única decisão possível.

Em dezembro, um outro tribunal britânico deu razão ao recurso apresentado pelos Estados Unidos para a extradição de Assange, acusado de espionagem.

Na ocasião, os juízes responsáveis pelo processo mostraram-se satisfeitos com as garantias dos EUA sobre as condições de detenção de Assange, incluindo a promessa de que o fundador do Wikileaks não será enviado para uma prisão de segurança máxima (conhecida como “ADX”, no Colorado) e que o denunciante será transferido para a Austrália (de onde é originário) para cumprir a sua pena, caso venha a ser condenado.

Em janeiro, o Tribunal Superior britânico permitiu que Assange recorresse da sentença a favor da sua extradição para os EUA. E, em março, o Supremo Tribunal (a mais alta instância judicial no Reino Unido) confirmou a sentença de dezembro, selando, na prática, a extradição de Assange para os EUA.

Devido ao extenso e antigo acordo de extradições entre os EUA e o Reino Unido, é pouco provável que o governo britânico se recuse a transferir o fundador do Wikileaks para a custódia norte-americana.

A defese da Assange tem agora quatro semanas para apelar à ministra do Interior britânica para que não carimbe a extradição.

Assange é acusado pelos EUA de 18 crimes de espionagem relacionados com a divulgação, através do site WikiLeaks, de mais de 700 mil documentos diplomáticos e outros registos confidenciais sobre as atividades militares norte-americanas, sobretudo no âmbito das guerras no Iraque e Afeganistão.

A Justiça dos EUA diz que a revelação dessas atividades pôs em perigo a vida de muitas fontes dos serviços secretos. Pelos crimes de que é acusado, Assange pode vir a ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão – embora o Departamento de Justiça norte-americano diga que o mais provável é que uma pena ronde os cinco a seis anos de prisão.

Jornalismo

Para os seus defensores, o trabalho de Assange permitiu revelar inúmeros casos de abusos e violações dos direitos humanos cometidos pelas forças norte-americanas nos dois cenários de guerra.

A defesa alega que as práticas de Assange estariam protegidas pela natureza jornalística de seu trabalho e pelo interesse público. 

Dizem que ele é vítima de perseguição política. 

O jornalista foi preso em 2019 na embaixada do Equador em Londres. Ele estava em asilo na embaixada, mas o presidente Lenín Moreno o acusou de violar os termos do asilo e, por isso, ele foi expulso. 

Assange agora está em uma penitenciária de segurança máxima na Inglaterra.

Com informações do Portal Público

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