O processo de extradição de Julian Assange passou para as mãos do Governo do Reino Unido, nesta quarta-feira, depois de um tribunal de Londres ter emitido uma ordem oficial para a transferência do fundador do site Wikileaks para os Estados Unidos.
Assange, de 50 anos, ainda pode recorrer da ordem – e de outras questões relacionadas com o pedido inicial, feito pelo Departamento de Justiça norte-americano, em 2019 –, mas é cada vez mais certo que a palavra final será da ministra do Interior, Priti Patel.
Ao anunciar a sua decisão, no final de uma audiência que durou apenas sete minutos, o juiz Paul Goldspring, do Tribunal dos Magistrados de Westminster, disse que esta era a única decisão possível.
Em dezembro, um outro tribunal britânico deu razão ao recurso apresentado pelos Estados Unidos para a extradição de Assange, acusado de espionagem.
Na ocasião, os juízes responsáveis pelo processo mostraram-se satisfeitos com as garantias dos EUA sobre as condições de detenção de Assange, incluindo a promessa de que o fundador do Wikileaks não será enviado para uma prisão de segurança máxima (conhecida como “ADX”, no Colorado) e que o denunciante será transferido para a Austrália (de onde é originário) para cumprir a sua pena, caso venha a ser condenado.
Em janeiro, o Tribunal Superior britânico permitiu que Assange recorresse da sentença a favor da sua extradição para os EUA. E, em março, o Supremo Tribunal (a mais alta instância judicial no Reino Unido) confirmou a sentença de dezembro, selando, na prática, a extradição de Assange para os EUA.
Devido ao extenso e antigo acordo de extradições entre os EUA e o Reino Unido, é pouco provável que o governo britânico se recuse a transferir o fundador do Wikileaks para a custódia norte-americana.
A defese da Assange tem agora quatro semanas para apelar à ministra do Interior britânica para que não carimbe a extradição.
Assange é acusado pelos EUA de 18 crimes de espionagem relacionados com a divulgação, através do site WikiLeaks, de mais de 700 mil documentos diplomáticos e outros registos confidenciais sobre as atividades militares norte-americanas, sobretudo no âmbito das guerras no Iraque e Afeganistão.
A Justiça dos EUA diz que a revelação dessas atividades pôs em perigo a vida de muitas fontes dos serviços secretos. Pelos crimes de que é acusado, Assange pode vir a ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão – embora o Departamento de Justiça norte-americano diga que o mais provável é que uma pena ronde os cinco a seis anos de prisão.
Jornalismo
Para os seus defensores, o trabalho de Assange permitiu revelar inúmeros casos de abusos e violações dos direitos humanos cometidos pelas forças norte-americanas nos dois cenários de guerra.
A defesa alega que as práticas de Assange estariam protegidas pela natureza jornalística de seu trabalho e pelo interesse público.
Dizem que ele é vítima de perseguição política.
O jornalista foi preso em 2019 na embaixada do Equador em Londres. Ele estava em asilo na embaixada, mas o presidente Lenín Moreno o acusou de violar os termos do asilo e, por isso, ele foi expulso.
Assange agora está em uma penitenciária de segurança máxima na Inglaterra.
Com informações do Portal Público