Explosões em Brasília: ‘Onde perdemos a luz para a escuridão do ódio?’, questiona Barroso

Presidente da Suprema Corte discursou na abertura da sessão desta quinta-feira (14)

da redação

Explosões em Brasília: ‘Onde perdemos a luz para a escuridão do ódio?’, questiona Barroso
Ministro Roberto Barroso durante a sessão plenária do STF
Carlos Moura/SCO/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luis Roberto Barroso, abriu a sessão da Corte nesta quinta-feira (14) repudiando os ataques a bomba que aconteceram na Praça dos Três Poderes, em Brasília. 

Para ele, apesar de estar no calor do acontecimento e no curso das apurações, é preciso, como país e sociedade, fazer uma reflexão profunda sobre o que está “acontecendo entre nós”. 

“Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência? Estamos importando mercadorias espiritualmente defeituosas de outros países que se desencontraram na história”, declarou Barroso. 

Segundo o presidente do STF, esse episódio se soma ao que já vinha ocorrendo no país nos últimos anos e lembrou alguns casos: deputado divulgando vídeo com discurso de ódio contra ministros da Corte; em 2022, um parlamentar atacou policiais; e no mesmo ano uma deputada apontando uma arma para um civil. 

“Ao longo dos meses de novembro e dezembro, após bloqueio de estradas, milhares de pessoas acamparam nas portas de quartéis por todo o país pedindo desrespeito ao resultado das eleições e golpe de Estado. Muitos deles insuflados pela afirmação criminosamente mentirosa de que teria havido fraude nas eleições”, disse o presidente do STF. 

“No dia 8 de janeiro de 2023, milhares de pessoas, mancomunadas via redes sociais, e com a grave cumplicidade de autoridades, invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes da República”, lembrou o magistrado. 

Para Barroso, a gravidade do atentado alerta para a preocupante realidade de que persiste no Brasil a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições, “numa perspectiva autoritária e não pluralista de exercício do poder, inspirada pela intolerância, pela violência e pela desinformação”. 

“Reforça também, e sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia” - barroso

Em seguida, Barroso volta a questionar: “Onde foi que nos perdemos nesse mundo de ódio, intolerância e golpismo? Por que, subitamente, se extraiu o que havia de pior nas pessoas?”. 

“A sociedade brasileira é plural. O Supremo Tribunal Federal é plural. Aqui estão pessoas que pensam de modo diferente acerca de muitos temas. Mas nos tratamos com respeito e consideração e estamos todos irmanados nos valores que nos unem como nação e que se encontram na Constituição. E, por evidente, a não violência é um deles”, afirmou Barroso. 

“A democracia tem lugar, como sempre digo, para conservadores, liberais e progressistas. Somos todos livres e iguais. Só não há lugar para quem não respeita as regras da própria democracia, para quem não respeita os direitos fundamentais dos outros”, finalizou.

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