Em entrevista exclusiva à Band, uma funcionária da Caixa fez novos relatos sobre supostos abusos sexuais do agora ex-presidente do banco Pedro Guimarães. Em seu relato, a mulher, que preferiu não se identificar, afirmou que mais casos devem ser divulgados e contou como ela e outras funcionárias eram abordadas nas viagens.
Em sua gestão, Guimarães criou o programa Caixa Mais Brasil, em que viajava para conversar com executivos. Foram mais de 100 edições em 150 cidades.
Segundo ela, os eventos da Caixa eram oportunidades para o assédio. "Através de um programa, com viagens pelo Brasil, onde íamos apresentar programas, realizar inaugurações e ações da Caixa, que as mulheres eram abordadas, eram coagidas e passavam por essas situações", relatou.
Nesses eventos, conforme relatou a funcionária, os perfis de mulheres que ficavam nos hotéis e quartos já eram pré-definidos. "Ali era um lugar propício para acontecer as coisas, porque tinha um ambiente mais informal. A gente sabia que acontecia", contou.
A colaboradora relata um dos momentos presenciados por ela em que o ex-gestor da Caixa aborda uma colega de trabalho. "Abordou abraçando e alisando ela. Chamando pra tirar fotos repetidas vezes. É... Dessa forma."
Ela também explica que a demora para a denúncia foi devido ao medo de retaliação. "Difícil denunciar uma situação sem confiança. O clima era de caça às bruxas na empresa. Não sei a quantidade de denúncia, mas com certeza tem muito mais denúncia, mais casos e mais relatos". A funcionária agora espera que outras funcionárias assediadas tomem coragem para denunciar.
Pedro Guimarães assumiu a presidência da Caixa em dezembro de 2019, quando foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Após as acusações, ele pediu demissão nesta terça-feira (29). Para o seu lugar, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) nomeou Daniella Marques Consentino.
O Ministério Público Federal (MPF) agora investiga as denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães e o envolvimento de outros dirigentes da Caixa Econômica Federal.
Em nota, a Caixa diz que repudia qualquer tipo de assédio e confirma que recebeu relatos de casos em seu canal de denúncias. O banco também afirma haver uma investigação em sigilo em andamento.