Ex-rei das criptomoedas pode pegar até 110 de prisão

Acusado de comandar uma das maiores fraudes da história americana foi condenado por diversos crimes, que incluem associação criminosa e desvio de fundos. Pena será definida em março de 2024.

Por Deutsche Welle

Ex-rei das criptomoedas pode pegar até 110 de prisão
Ex-rei das criptomoedas Sam Bankman-Fried
REUTERS/Eduardo Munoz/File Photo

O ex-rei das criptomoedas Sam Bankman-Fried, fundador da corretora FTX, foi considerado culpado de fraude, associação criminosa e desvio de fundos e poderá receber pena de até 110 anos de prisão.

A decisão do júri veio nesta quinta-feira (02), após um julgamento que durou cinco semanas. O promotor Damian Willians afirmou em nota que Bankman-Fried "perpetrou uma das maiores fraudes financeiras da história americana; um esquema multibilionário projetado para fazer dele o rei das criptomoedas".

"A indústria da criptomoeda pode ser nova, atores como SBF [Sam Bankman-Fried] podem ser novos, mas esse tipo de fraude, de corrupção, é tão velho quanto o tempo e nós não temos tolerância com isso", escreveu o promotor.

Mark Cohen, advogado de Bankman-Fried, se disse bastante decepcionado com o veredito. Ele afirmou que seu cliente "mantém a alegação de inocência e continuará a combater com vigor as acusações que pesam contra ele".

Bilionário antes dos 30 anos

Ex-estudante do Instituto de tecnologia de Massachusetts (MIT) que se tornou bilionário antes dos 30 anos, Bankman-Fried conquistou o mercado das criptomoedas com rapidez impressionante, tornando a FTX – uma pequena start-up fundada em 2019 – na segunda maior plataforma de câmbio do mundo.

Em novembro de 2022, porém, a empresa desmoronou ao não conseguir lidar com a quantidade massiva de pedidos de saques por parte de seus clientes, após o pânico gerado pela notícia de que o dinheiro armazenado pela corretora havia sido colocado no fundo de hedge pessoal de Bankman-Fried, o Alameda Research.

Alguns de seus ex-sócios testemunharam no julgamento que Bankman-Fried teve papel central em todas as decisões que resultaram no desaparecimento de 8 bilhões de dólares (R$ 39,6 bilhões) da plataforma FTX.

Próximas etapas do processo

O juiz distrital Lewis Kaplan determinará a pena de Bankman-Fried no dia 28 de março de 2024. A sentença dependerá de diversos fatores, que incluem o histórico pessoal do réu e a natureza dos crimes cometidos.

Ao negar anteriormente um pedido para que o acusado pudesse se preparar em liberdade para o julgamento, Kaplan observou que Bankman-Fried poderia receber uma sentença bastante longa.

O caso dos promotores contra o ex-investidor, no entanto, ainda não está encerrado. Em marco, ele será jugado pela acusação de ter pago propina de 40 milhões de dólares a autoridades chinesas e de conspirar para realizar mais de 300 doações políticas ilegais nos EUA.

Possível apelação

Os advogados de Bankman-Fried provavelmente pedirão a revisão da sentença e das decisões contra ele antes e durante o julgamento em um Tribunal de Apelações.

Um dessas decisões a serem contestadas foi quando o juiz Kaplan barrou Bankman-Fried de testemunhar perante o júri que advogados estavam envolvidos em alguns aspectos dos negócios da FTX.

A defesa alegou inocência durante o julgamento, afirmando que os promotores não conseguiram provar as acusações. A moção, no entanto, foi negada pelo juiz.

Bankman-Fried está sendo mantido desde 11 de agosto no Centro Metropolitano de Detenção após Kaplan suspeitar que ele teria tentado manipular testemunhas em ao menos duas ocasiões. Ele deve permanecer no local até receber a sentença.

O que ocorre com os clientes da FTX?

Os ex-clientes da FTX aguardam receber ao menos 90% dos fundos recuperados durante a falência da corretora após uma tentativa de acordo que a empresa deverá incluir em seu próximo plano de falência, que será apresentado em dezembro.

A FXT recuperou até agora 7 bilhões de dólares e espera receber ainda mais através de processos legais contra ex-parceiros da corretora. Ao anunciar a sentença, Kaplan poderá ordenar que Bankman-Fried repare financeiramente suas vítimas.

rc/bl (Reuters, AFP)

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