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Ex-presidente do Inep comenta queda de inscrições do Enem: "Momento de exclusão"

O ex-presidente do INEP e professor emérito da UFMG, Francisco Soares, falou sobre caminho que percorreu com o Enem nesses últimos 25 anos

Por Andrey Mattos

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Estão abertas as inscrições para o Enem 2023. Os candidatos podem se inscrever no site oficial do Enem. O valor da taxa de inscrição será de R$ 85,00. As provas serão realizadas nos dias 5 e 12 de novembro. O resultado sairá no dia 16 de janeiro de 2024.

No ano passado, o exame teve um recorde negativo em relação aos inscritos. O Enem 2022 registrou o menor patamar desde 2005 quando a prova não tinha o formato atual de vestibular nacional. Se inscreveram apenas 3,40 milhões de estudantes. Para o ex-presidente do INEP e professor emérito da UFMG, Francisco Soares, esses números representam também um reflexo das dificuldades que nossa sociedade vem enfrentando. 

“O número de inscritos no Enem vai depender, de alguma forma, do número de formandos no ensino médio, que está em torno de 3 milhões. Aqueles números grandes estavam associados ao fato de o Enem poder ser utilizado para várias outras coisas, por exemplo, e nem podia ser utilizado como expressão de término do ensino médio, e isso não existe mais. No entanto, a queda é muito grande! Essa queda está sinalizando que muitos jovens perderam a vontade ou não acreditam mais que lutar por uma vaga na universidade é uma boa direção. Outro motivo pode ser o financiamento estudantil. Anos depois, todo mundo está se dando conta de que o financiamento estudantil não é uma bolsa, é um financiamento e que aquilo tem um impacto, um custo. Então, o que nós estamos vivendo não é um problema só educacional, mas um problema social, onde um número muito grande de jovens não se vê em condições de fazer a carreira universitária. O número de inscritos no Enem é simplesmente mais uma demonstração do momento social que a gente está vivendo, mais agudo e de mais exclusão” afirmou.

Chico Soares também falou sobre as mudanças que aconteceram no Enem nesses últimos 25 anos. O ex-presidente do INEP disse que a prova começou como uma iniciativa focada no próprio estudante. 

“Ele começou como uma iniciativa focada no próprio estudante. Para que o estudante pudesse apresentar à sociedade exatamente o que ele fazia. No entanto, é importante lembrar que as universidades paulistas, já no primeiro momento, aceitavam o Enem de uma forma bem restrita, para admissão no ensino superior. No entanto, a grande mudança ocorreu em 2009, com o ministro Fernando Haddad. Quando o Enem se tornou a porta de entrada para muitas universidades e logo em seguida para praticamente de todas as universidades. Os vestibulares acabaram, e nós passamos a ter o Enem como um grande vestibular único nacional”, disse.

Confira a entrevista exclusiva e completa no vídeo acima

Produção: Emanuele Braga

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