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Ex-ministro da Defesa será próximo primeiro-ministro do Japão

Shigeru Ishiba defende reforço dos laços com os EUA e criação de "Otan asiática", em meio a preocupações com a instabilidade na região. Um de seus desafios será reavivar a economia e recuperar o valor da moeda japonesa.

Por Deutsche Welle

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O ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba venceu uma disputa pela liderança do Partido Liberal Democrático (PLD) e será indicado como próximo primeiro-ministro do Japão. Após o anúncio, Shigeru divulgou nesta sexta-feira (27/09) seu plano de governo que inclui reforçar os laços militares de seu país com os Estados Unidos.

O PLD governa o Japão quase ininterruptamente há décadas e possui maioria no Legislativo, o que significa que Ishiba deverá ser eleito sem sobressaltos pelo Parlamento na próxima terça-feira. O político veterano de 67 anos, superou na disputa de seu partido a ultranacionalista Sanae Takaichi.

Em coletiva de imprensa, Ishiba prometeu reconquistar a confiança no partido após um escândalo envolvendo financiamentos.

"O Japão quer cumprir sua responsabilidade proativa e iniciar discussões sobre como construir a paz na região", afirmou, ao ser perguntado sobre sua proposta de criar uma Otan asiática. Segundo disse, poderia ser uma extensão dos blocos que já existem de países, como o chamado Quad, que reúne Japão, Estados Unidos, Índia e Austrália.

Ele disse que estabelecer unidades de treinamento militar para soldados japoneses nos EUA, como já foi feito pela Alemanha, poderia ser extremamente eficiente para reforçar a aliança bilateral, além de ajudar as forças japonesas a "treinarem no nível máximo de suas capacidades".

Ishiba disse que deseja convocar eleições antecipadas para solidificar seu mandato "tão logo quanto possível", sem, no entanto, especificar uma data.

Segurança nacional como prioridade

O futuro primeiro-ministro já concorreu ao cargo anteriormente, perdendo para o nacionalista Shinzo Abe, o líder mais longevo do país, assassinado em 2022. Ele diz que sua experiência em lidar com temas difíceis, como as reformas na agricultura, o tornaram qualificado para governar.

A situação da segurança na região é uma de suas preocupações. Nos últimos dias e semanas houve algumas incursões no espaço aéreo japonês de aviões militares chineses e russos, além dos testes de mísseis realizados pela Coreia do Norte. "Trabalhei por muito tempo com segurança nacional e estarei comprometido em defender o território do Japão", sublinhou.

Após a vitória de Ishiba, o Ministério do Exterior da China expressou intenções de melhorar suas relações com o Japão. "O longevo desenvolvimento firme e forte das relações sino-japonesas serve aos interesses fundamentais dos dois povos", disse um porta-voz da pasta.

O Ministério do Exterior da Coreia do Sul disse que o país deseja manter o "impulso positivo" nas relações com o Japão.

Desafios na economia

Em termos de política interna, Ishiba terá o encargo de dar vida à economia japonesa, em um momento que o Banco Central se afasta de décadas de políticas monetárias relaxadas que resultaram na perda de valor do iene japonês.

Ishiba diz apoiar o abandono das políticas inortodoxas demasiadamente afrouxadas. A cotação do iene aumentou nesta sexta-feira, após a vitória de Ishiba.

O futuro premiê prometeu revitalizar as áreas rurais e propôs a criação de uma agência do governo para prevenção de catástrofes.

As eleições internas no PLD foram convocadas após as facções mais poderosas do partido cederem espaço em razão do escândalo dos financiamentos. Os líderes do PDL possuem mandatos de três anos. O líder eleito do partido pode governar por, no máximo, três mandatos consecutivos.

O primeiro-ministro Fumio Kishida, bastante impopular ao final de seu mandato, não quis concorrer à reeleição.

rc (AFP, Reuters)

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