A Polícia Federal indiciou nesta semana o ex-presidente e o ex-vice da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por dolo eventual nas mortes do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Philips.
Segundo investigações da PF, os ex-dirigentes tomaram conhecimento dos riscos de vida que funcionários e servidores passavam. Os dois teriam sido informados em uma reunião em outubro de 2019 e por meio de outros documentos o risco de vida dos servidores do órgão e não tomaram providências necessárias pra proteção deles.
Desta forma, a PF indica que os dois assumiram o risco do resultado das omissões, que culminou no homicídio de Bruno Pereira e Dom Philips em junho de 2022.
Relembre o caso
O correspondente do The Guardian e o indigenista foram executados em junho de 2022. Eles articulavam um trabalho conjunto para denunciar crimes socioambientais na região do Vale do Javari, onde há a maior concentração de povos isolados e de contato recente do mundo.
Dom Phillips pretendia, inclusive, publicar um livro sobre as questões que afetam o território e fazia apurações das informações, na época. Na Terra Indígena Vale do Javari, encontram-se 64 aldeias de 26 povos e cerca de 6,3 mil pessoas.
As autoridades policiais colocaram sob suspeita pelo menos oito pessoas, por possível participação nos homicídios e na ocultação dos cadáveres. No final de outubro de 2022, o suposto mandante do assassinato, Rubens Villar Pereira, foi posto em liberdade provisória após pagar fiança de R$ 15 mil.