Steve Bannon, ideólogo populista de extrema direita e ex-conselheiro de Donald Trump, apresentou-se nesta segunda-feira (01/07) para cumprir uma sentença de quatro meses em uma prisão federal na cidade de Danbury, no estado norte-americano de Connecticut. Ele foi condenado por obstruir investigação parlamentar sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Do lado de fora da prisão, um grupo de apoiadores aplaudia e agitava bandeiras com "Trump 2024" escrito.
"Estou orgulhoso de ir para a prisão hoje", disse Bannon, que se descreveu como um "prisioneiro político".
Ele responderá por dois crimes de desacato ao Congresso: recusa em entregar documentos e em testemunhar perante um comitê da Câmara, liderado por democratas, que investigava a invasão ao prédio que abriga o Congresso norte-americano.
O ex-conselheiro foi sentenciado a quatro meses de prisão em outubro de 2022, pena que conseguiu protelar com uma série de recursos na Justiça. Na última sexta-feira (28/06), a Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou seu pedido de adiamento da sentença enquanto ele esgota o processo de apelação de sua condenação.
Em outra decisão, a corte concedeu, nesta segunda-feira (01/07), imunidade parcial ao ex-presidente Donald Trump, que é acusado de ter usado o cargo para tentar reverter sua derrota eleitoral em 2020. A maioria dos ministros entendeu que os seus atos "oficiais” como chefe de Estado estão protegidos, mas não os "não oficiais”.
Estrategista foi um dos agitadores do 6 de janeiro
Bannon foi um dos principais mentores da campanha presidencial de Trump em 2016, depois serviu como seu principal estrategista na Casa Branca em 2017, durante os sete primeiros meses de mandato, e foi afastado após uma série de conflitos internos.
Ele teve um papel importante para criar o clima político que culminou no ataque de janeiro de 2021 e nas tentativas de Trump de reverter a derrota para Biden nas urnas. Por isso seu depoimento e sua colaboração seriam importantes para a condução do inquérito que investiga o ato golpista.
Elo com os Bolsonaro
Bannon é considerado um dos principais ideólogos do recente crescimento da extrema direita no mundo. No Brasil, ele é próximo da família Bolsonaro e chegou a nomear o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, como seu representante no país.
Oficialmente, ele não trabalha mais para Trump, mas reforçou seu apoio ao ex-presidente e candidato às eleições presidenciais de novembro. "Estou trabalhando 24 horas por dia nessa campanha" disse em seu podcast antes de se entregar. "Terei um impacto ainda maior na campanha dentro da prisão do que eu tenho agora."
Condenado também por fraude e lavagem de dinheiro
Esta não é a pior condenação que Bannon enfrenta. Em 2020, ele foi preso por fraude, lavagem de dinheiro e conspiração envolvendo irregularidades na construção do muro que separa os Estados Unidos e o México.
O estrategista pagou fiança de 5 milhões dólares (cerca de R$ 28 milhões) e foi liberado em seguida, para responder em liberdade. Em 20 de janeiro de 2021, no apagar das luzes de seu mandato, Trump concedeu perdão presidencial a Bannon e a outros 142 aliados.
sf/ra (Reuters, AFP, ots)