Evento discute a participação LGBTQIA+ no futebol dentro e fora de campo

Encontro 'Diversidade em Campo' em São Paulo abordou as dificuldades encontradas pelos coletivos no futebol

Por Emanuele Braga

Evento discute a participação LGBTQIA+ no futebol dentro e fora de campo
Divulgação

O Museu da Diversidade Sexual (MDS) e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo promoveu o encontro “Diversidade em Campo”, com a participação dos coletivos Perifeminas, time de futebol feminino, e Meninos Bons de Bola, primeiro time de futsal composto por homens e mulheres transgênero. 

O objetivo do evento realizado na última quinta-feira (24) foi construir um ambiente de ‘diálogo e valorização’ de iniciativas que estimulam a participação desse e de outros coletivos LGBTQIA+ no futebol, seja nas arquibancadas ou no campo.

Iniciativas como o ‘Diversidade em Campo’, que tem como objetivo acolher a comunidade LGBTQIA+ no futebol, são fundadas e buscam dar voz e visibilidade a coletivos queer. Nas palavras de Marisa Bueno, diretora do Museu da Diversidade Sexual de São Paulo, o futebol ‘é um esporte limitador quando se trata de inclusão de gênero’.

A Copa do Mundo é realizada no Catar, um país que criminaliza a homossexualidade – podendo resultar em até sete anos de prisão – colocando o futebol, mais uma vez, como esporte que ainda dá brechas para a discriminação.

“Estamos presenciando a Copa do Mundo ser realizada em um país que é explicitamente contra os direitos LGBTQIA+ e criminaliza as formas de afeto não-heterocisnormativas”, disse Marisa.

Entre as principais ideias debatidas no evento, os coletivos convidados debateram problemas de escolha de sedes para a realização de torneios internacionais como a Copa do Catar.

 “Por que o maior evento esportivo do planeta foi realizado no Catar, um país que criminaliza a homoafetividade e o exercício da liberdade de gênero? Por que não existem espaços para a comunidade LGBTQIA+ falar sobre inclusão do cenário esportivo?”, destacou a diretora o Museu da Diversidade Sexual de São Paulo, Marisa Bueno.

Os “Meninos Bons de Bola” e o “Perifeminas” relataram as dificuldades para conseguir firmar parcerias, além das dificuldades de se integrarem em ambientes predominantemente heterocisnormativos.

“O Instituto Meninos Bons de Bola, constituído por pessoas trans, trouxe à tona casos de assédio, transfobia e desvalidação esportiva. O coletivo Perifeminas compartilhou vivências sobre a dificuldade de terem respeito e autonomia para praticarem esporte em espaços públicos dominados por homens”, relatou Marisa.

Matteo Macedo, um dos integrantes do Meninos Bons de Bola, destacou a importância da abordagem do assunto e afirmou que as pessoas ‘cis’ se surpreendem com o futebol de pessoas transgênero.

“O quanto antes começarmos a discutir sobre o assunto, mais resolutividades serão apresentadas e sairemos do místico. Várias pessoas ‘cis’ ficaram chocadas vendo como as pessoas trans jogam muito bem. Sempre somos colocados como os piores em tudo o que fazemos”, acrescentou Matteo Macedo. 

  • * Com supervisão de Paulo Guilherme

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