
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a proibição de entrada da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner e de Julio Miguel de Vido, ex-ministro de Planejamento do país sul-americano, "por envolvimento em corrupção significativa durante o tempo em que ocuparam cargos públicos".
De acordo com comunicado divulgado pelo Departamento de Estado americano, os familiares imediatos do dois ex-líderes argentinos também estão "inelegíveis para entrada nos EUA".
"Kirchner e de Vido abusaram de suas posições ao orquestrar e se beneficiar financeiramente de múltiplos esquemas de suborno envolvendo contratos de obras públicas, resultando em milhões de dólares roubados do governo argentino", afirmou Rubio.
O secretário declarou que os EUA continuarão a promover a responsabilização "de quem abusa do poder público para ganho pessoal" e reafirmou o compromisso do país em combater a corrupção global, "incluindo nos mais altos níveis de governo".
Logo após a decisão, Cristina atacou os presidentes americano, Donald Trump, e argentino, Javier Milei. Segundo ela, as sanções foram um pedido direto de seu rival.
“Ei ‘economista especialista em crescimento com ou sem dinheiro’ e em golpes com criptomoedas… Como dói o que eu digo, né? Você não conseguiu se segurar e saiu correndo para postar, deixando todas as digitais marcadas de que foi um pedido seu. Sozinho, você não tem capacidade... nem na economia, nem na política. Por isso sai correndo para pedir ajuda ao Fundo Monetário e ao Trump... Tá muito na cara, Milei!”, publicou a ex-presidente.
Cristina foi presidente da Argentina entre 2007 e 2015, substituindo seu marido, Nestor Kirchner, que ficou no governo entre 2003 e 2007. Ela não conseguiu fazer seu sucessor e foi substituída por Maurício Macri, aliado de Milei e em 2019 voltou ao governo como vice de Alberto Fernández – com quem não teve boa relação e rompeu no meio do mandato.
A ex-presidente foi acusada de chefiar uma associação criminosa que desviou verba pública durante o governo de seu marido e seu próprio governo. Em 2022, ela foi condenada a seis anos de prisão, sentença mantida por um tribunal de apelações no ano passado. Ela nega as acusações e recorre na Suprema Corte argentina.
Além do período de reclusão, a ex-chefe da Casa Rosada foi multada em 85 milhões de pesos (aproximadamente R$ 450,5 milhões) e está proibida de concorrer a cargos públicos.
Segundo a denúncia, o empreiteiro Lázaro Báez, da região de onde os Kirchner começaram suas trajetórias políticas, foi favorecido e conseguiu o contrato para realizar 51 obras públicas que não foram concluídas ou passaram do orçamento previsto.
De acordo com as investigações, a empresa desapareceu depois que Cristina deixou o governo, há dez anos. Os procuradores afirmam que o esquema causou um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão aos cofres públicos. O ex-ministro do Planejamento estaria envolvido no caso e também foi condenado.
A expectativa é que ainda este mês a Suprema Corte comece a julgar o caso da ex-mandatária. Caso a pena seja confirmada, Cristina irá para a prisão, já que não tem mais imunidade presidencial.