EUA investigam vazamento de suposto plano israelense para atacar o Irã

Documentos circularam no aplicativo Telegram. Presidente da Câmara dos Deputados dos EUA disse que situação é 'preocupante'

Por Deutsche Welle

Sistema antimíssil 'Domo de Ferro' interceptando foguetes disparados pelo Irã, em Israel
REUTERS/Amir Cohen TPX

Os Estados Unidos investigam o vazamento de dois documentos confidenciais de inteligência contendo um suposto plano de Israel para um ataque retaliatório contra o Irã, disse o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, neste domingo (20), em entrevista à CNN americana.

Os documentos são atribuídos à Agência Nacional de Informação Geoespacial e à Agência de Segurança Nacional, ambas dos Estados Unidos, e estão classificados como ultrassecretos. As análises produzidas com base em imagens de satélite afirmam que Israel segue mobilizando recursos militares para realizar um ataque em resposta às centenas de mísseis balísticos lançados pelo Irã contra Tel Aviv em 1º de outubro.

Essas informações deveriam ser compartilhadas apenas com os "Cinco Olhos”, que são os EUA, a Grã-Bretanha, o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, dizem os documentos.

Os textos produzidos entre 15 e 16 de outubro começaram a circular na última sexta-feira (18/10) por uma conta pró-Irã no aplicativo de mensagens Telegram.

Questionado sobre os relatórios, Johnson disse que uma "investigação está em andamento" e que o vazamento "é muito preocupante".

EUA investiga como documento foi obtido

A investigação também está examinando como os documentos foram vazados — se foram compartilhados ilegalmente por um agente americano ou se foram obtido por meio de uma invasão, disse um oficial americano ouvido em condição de anonimato pela agência de notícias AP.

Fontes ouvidas pela agência ainda dizem acreditar que os documentos são verdadeiros. O jornal New York Times também afirmou que autoridades americanas reconheceram a autenticidade dos documentos.

Como parte da investigação, as autoridades estão trabalhando para determinar quem teve acesso aos relatórios antes de serem publicados.

O canal do Telegram envolvido no vazamento costumava publicar memes do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e materiais em apoio ao autodenominado "Eixo de Resistência”, que inclui grupos militantes armados pelo Irã.

O primeiro relatório é intitulado: "Israel: A Força Aérea continua os preparativos para o ataque ao Irã e realiza um segundo exercício de emprego de grande força". Ele descreve atividades como o manuseio de mísseis balísticos.

O segundo é intitulado: "Israel: as forças de defesa continuam os preparativos de munições e atividades clandestinas de UAV [drones] quase certamente para um ataque ao Irã".

EUA quer apaziguar o conflito

Os EUA têm pedido a Israel para usar a morte do ex-líder do grupo extremista palestino Hamas, Yahya Sinwar, como vantagem para obter um cessar-fogo em Gaza e também tem alertado o governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, para não expandir as operações militares no Líbano.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na semana passada que tinha uma boa compreensão de quando e como Israel atacaria o Irã. Mas ele também disse ver uma oportunidade para encerrar as trocas de agressões entre os dois inimigos.

No entanto, Israel tem enfatizado que não deixará o ataque balístico iraniano sem resposta.

Israel tem trocado agressões em diversas frentes desde o ataque do Hamas, tomado como organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia, em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil pessoas mortas no país.

Mais recentemente, as tensões se ampliaram também contra o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do Irã e também considerado uma organização terrorista por diversos países.

No sábado, Israel atribuiu a "aliados do Irã" um ataque a drone contra sua residência de férias na cidade costeira de Cesareia.

As agências envolvidas no vazamento não responderam aos pedidos de resposta. O Pentágono afirmou que estava investigando os relatos de vazamento.

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