Depois da polêmica envolvendo o envio de centenas de prisioneiros venezuelanos para uma prisão de El Salvador neste domingo (16), o governo dos Estados Unidos tem uma nova crise diplomática para gerir: nesta segunda (17), autoridades anunciaram que deportaram uma médica libanesa na semana passada mesmo com uma ordem judicial que impedia a ação.
Rasha Alawieh, de 36 anos, foi presa por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, em inglês) na quinta no aeroporto de Boston ao retornar para os EUA depois de visitar familiares no Líbano. Segundo o governo americano, “fotos e vídeos simpáticos” a líderes do Hezbollah foram encontrados no celular da médica.
Os EUA e vários outros países classificam o grupo por trás da ofensiva contra civis israelenses em 7 de outubro de 2023, que culminou com a invasão das tropas de Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza e o início do conflito armado na região, como uma organização terrorista.
De acordo com o Departamento de Segurança Interna do país, imagens do funeral de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah assassinado por tropas israelenses e fotos do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã foram recuperados de uma pasta excluída. Ela afirmou que o apoio a Nasrallah era sob uma “perspectiva religiosa” como mulçumana xiita, e não política.
Quando perguntada o por que de ter excluído as imagens antes de chegar aos EUA, a libanesa teria dito aos policiais que não gostaria que fosse vista como uma apoiadora do Hezbollah, sabia que não estava fazendo nada de errado e que não está relacionada "a nada político ou militar”.
Rasha é nefrologista especializada em transplante renal e professora auxiliar de medicina na Brown University, em Rhode Island. A agência de notícias Reuters informou que a profissional tem um visto específico para imigrantes que desejam trabalhar em ocupações especializadas em território americano e o documento está em dia.
Um primo denunciou a prisão. Segundo ele, a médica passou 36 horas sob custódia antes de ser enviada novamente ao Líbano. Um juiz distrital emitiu ainda na sexta uma decisão que proibia a deportação de Rasha antes de uma audiência que deveria ser realizada na manhã desta segunda.
Já no sábado, o familiar da nefrologista afirmou que as autoridades alfandegárias dos EUA desobedeceram deliberadamente a decisão judicial. De acordo com a Associated Press, advogados do governo disseram que não foram notificados antes da mulher ser deportada.
Na explicação publicada nas redes sociais, o órgão de Segurança Nacional afirmou que "um visto é um privilégio, não um direito – glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para que a emissão de visto seja negada. Isso é segurança de senso comum”.
A advogada de Rasha, Stephanie Marzouk, afirmou que não “pararia de lutar” até que conseguisse o retorno da médica ao território norte-americano para que ela pudesse “atender seus pacientes onde ela deveria estar”. Ela não comentou a informação de que sua cliente supostamente apoiaria um líder do Hezbollah.