Falta de internet, dificuldade de concentração e até mesmo falta de cômodos para estudar em casa. Esses são alguns dos obstáculos que estudantes que vão prestar Enem no próximo fim de semana enfrentaram ao longo da pandemia.
O Exame Nacional do Ensino Médio será realizado para mais de 5 milhões de inscritos nos dias 17 e 24 deste mês.
O Enem já foi adiado em novembro do ano passado e, mais uma vez, tem sido alvo de pressões por novo adiamento.
Estudante de escola pública, o baiano Marcus Vinicius desistiu de fazer a prova porque precisou começar a trabalhar para ajudar a família. Ele diz que se vê cada vez mais distante do sonho da ascensão social propiciado pela entrada na universidade. Outro problema que o jovem afirma ter enfrentado foi a falta de acesso à internet e computador para continuar os estudos.
De acordo com a última pesquisa PNAD Contínua do IBGE, que coletou dados de acesso à internet no Brasil, um em cada quatro brasileiros não tem acesso à rede em casa.
A coordenadora do Unifavela, pré-vestibular comunitário que aprovou todos os estudantes em universidades públicas em 2019, diz que muitos alunos abandonaram as aulas preparatórias este ano. Segundo Agatha Puche, os jovens se desestimularam com as aulas online e maioria não possui estrutura para estudar em casa.
A vestibulanda Bianca Oliveira conseguiu se organizar e se dedicar só ao cursinho pré-vestibular no último ano. A jovem, que quer ser psicóloga, diz que apesar de não ter tido dificuldades financeiras, foi afetada e não sabe se está preparada para a prova.
A pressão pelo adiamento do Enem fez a Defensoria Pública da União entrar com uma ação na Justiça pedindo para que o exame não fosse realizado.
O argumento da Defensoria é que "não há maneira segura para a realização de um exame com quase seis milhões de estudantes neste momento, durante o novo pico de casos de covid-19".
O Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem, afirma que ampliou o número de salas para a prova e que o uso de máscara será obrigatório.
Jovens que tenham sintomas de covid-19 poderão pedir a reaplicação das provas, que será em fevereiro.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o CONASS, também defendeu o adiamento do Enem em ofício enviado, ontem, ao MEC.