O estuário de Santos, no litoral paulista, é um dos locais mais contaminados por microplásticos no mundo atualmente. É o que diz a pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgada nesta segunda-feira (19). O estudo avaliou três áreas da região, como a balsa Santos-Guarujá, a praia do Góes e a Ilha das Palmas.
O local com maior nível de contaminação foi a área da balsa. Os animais avaliados apresentaram pior estado nutricional e de saúde, com média de 12 a 16 partículas plásticas por grama de tecido. Segundo a Agência FAPESP, em um dos mexilhões foi encontrado 300 microplásticos por grama.
A região mais sensível para a contaminação por microplásticos é a Praia do Góes, onde moram 300 pessoas. Os moradores, na maioria pescadores, consomem animais na dieta, o que pode ocasionar contaminação por microplásticos em humanos.
O estuário de Santos abriga o maior porto da América Latina e está sob influência direta de resíduos industriais e domésticos dos municípios ao redor. O ambiente é uma transição entre um rio e o mar, além de ter um dos ecossistemas mais importantes do Brasil, os manguezais, que servem como abrigo e berçário para animais.
Outro ponto da pesquisa que chamou a atenção é o alto número de fibras nas ostras e mexilhões, além de celulose e acrílico. Para os pesquisadores, os materiais são oriundos do lançamento de esgoto doméstico com resíduos de lavagem de roupas.
A conclusão de que a região é uma das mais afetadas por microplásticos ocorreu pela comparação com dados internacionais com amostras de ostras e mexilhões coletados no mês de julho de 2021.