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Estresse, insegurança e mais: como animações de alto estímulo afetam crianças?

Cores vibrantes, músicas e roteiro desconexo podem atrapalhar o desenvolvimento infantil, apontam especialistas

Por Luiza Lemos

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Reprodução/Freepik

Cada vez mais frequente na rotina das famílias brasileiras, as telas e o entretenimento por aplicativos de streaming fazem com que crianças sejam mais expostas a conteúdos inadequados, principalmente quando se fala de animações. Os ‘desenhos de alto estímulo’, como são chamados, são caracterizados por animações com cores vibrantes, sons altos e história desconexa, sem começo, meio e fim. 

Para crianças em desenvolvimento, animações do tipo, que não são validadas por educadores, podem causar efeitos no psicológico infantil. Na avaliação da psicóloga especialista em tecnologia Andrea Jotta, tais animações para as crianças são semelhantes a sessões de tortura. “A criança não tem capacidade de dizer se algo é bom ou ruim. Então colocá-la assistindo tais conteúdos em excesso, é quase como uma tortura, tinham métodos onde colocavam as pessoas assistindo, escutando barulhos e afins, sofrendo. E é o que ocorre com os pequenos”, avalia. 

A psicóloga aponta que os conteúdos com hiper estímulo podem causar irritabilidade, ansiedade e até afetar a sociabilidade das crianças. “Vejo pais e mães se queixando que a criança começou a fazer birra, chora e se descontrola. Isso é indício que aquela criança é extremamente exposta à tecnologia e a esse tipo de conteúdo, ela perde a noção da realidade”, pontua. 

Tais efeitos no psicológico das crianças é notado a curto prazo, mas os efeitos no desenvolvimento só serão vistos no futuro. A previsão de especialistas é da falta de atenção e até perda de sensibilidade com certos conteúdos e até a visão crítica, já que animações de alto estímulo não têm conotação educativa. É o que explica o fundador e atual diretor criativo da TV PinGuim, Kiko Mistrorigo. 

É até um pouco assustador, pode ser que a gente tenha uma geração sem atenção, concentração, ansiosa e com falta de troca, sem socializar. Talvez até atrapalhe o aprendizado, o que é gravíssimo - explica Kiko.

O diretor indica que já é possível identificar que as crianças já são afetadas por conteúdos de alto estímulo e pouco educativo, já que animações e outros programas do tipo são apresentadas desde cedo aos pequenos. “O conteúdo infantil precisa de informação, ajudar a desenvolver e as crianças agora são impedidas de chegar na fase dos porquês, isso me dá angústia, vejo crianças colocadas na frente de telas, sem interação nenhuma, só absorvem aquele conteúdo e não se desenvolvem com ele”, comenta. 

O estúdio de Kiko, responsável pelas animações “Peixonauta” e “Show da Luna”, visa produzir animações de baixo estímulo, que, diferente das de alto, tem cores mais neutras, músicas que instigam a criança a socializar e histórias com começo, meio e fim. Para o diretor, tais animações buscam estimular os pequenos a terem uma troca com o mundo. 

“O bom conteúdo, ao meu ver, é aquele que vai causar o diálogo entre adultos e crianças, em que os dois aprendem, estão no mesmo patamar. Eles vão assistir e depois conversar, isso é um laço natural estimulado pela animação. Nosso trabalho promove a conversa, coisa que o celular tira”, pontua.

Pais devem filtrar conteúdo que filhos assistem

Pais devem controlar conteúdo que os pequenos assistem | Reprodução/Freepik

Utilizado muitas vezes para entreter os filhos e deixar os pais tranquilos para fazerem outras tarefas, os aplicativos com conteúdo infantil muitas vezes não têm os filtros adequados para a criança assistir conteúdos de qualidade.

Kiko Mistrorigo aponta que muitas vezes falta curadoria dos aplicativos sobre os conteúdos publicados em plataformas abertas, como o YouTube. “Há esse problema, você entra e já é apresentado a vídeos frenéticos. Tem que ter um filtro mais efetivo e isso é jogado na mão dos pais, as plataformas se eximem de responsabilidade e os conteúdos estão lá e muitas vezes os pais não sabem que é possível filtrar isso”, pontua. 

Para Andrea Jotta, em um mundo tão conectado como o de hoje, é quase impossível evitar as telas, então o indicado é não dar a total liberdade para as crianças escolherem, já que elas ainda não têm autonomia para identificar o que é bom ou ruim. 

“Se você entende quais conteúdos são mais estimulantes, ao dar uma tela para uma criança, investigue com ela o mundo que está entrando, veja os interesses e, de forma gradual, vá apresentando conteúdos que você avalia como bons para o desenvolvimento da criança”, indica.

BandPlay reúne animações e conteúdos de baixo estímulo para crianças

Animações de baixo estímulo no BandPlay | Divulgação

Para pais que procuram bons conteúdos infantis e educacionais para os pequenos, o BandPlay reúne um catálogo completo, com animações e séries pensadas para as crianças. Confira abaixo uma lista com as melhores animações de baixo estímulo:

  • O diário de Mika
  • Animazoo
  • Os Carabão
  • Peixonauta
  • Tuca, O Mestre Cuca
  • Bubu e as Corujinhas
  • Atchim e Espirro

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