"Estamos de novo em guerra", anunciou Israel. As sirenes de ataques aéreos soaram nas fronteiras de Gaza e do Líbano, e os aviões israelenses voltaram aos bombardeios.
O cessar-fogo durou sete dias, nos quais 81 reféns israelenses, 23 tailandeses e um filipino foram trocados por 210 prisioneiros palestinos. Restariam com o Hamas 115 homens, 20 mulheres e duas crianças reféns, incluindo 11 estrangeiros.
Um comunicado do governo em Israel acusou o Hamas de "violar o que foi negociado, não cumprir a obrigação de libertar todas as mulheres reféns, e disparar mísseis". E acrescentou seu compromisso de "alcançar os objetivos da guerra — a libertação dos reféns, a eliminação do Hamas, e assegurar que Gaza jamais ameaçará o povo de Israel".
Apesar da guerra, que completa hoje 56 dias, as negociações continuam para novo cessar-fogo, com a mediação do Catar.
Palestinos já relatam "dezenas" de mortos nos primeiros bombardeios aéreos em Gaza, nas primeiras horas do reinício da guerra. Em Tel-Aviv, dezenas de manifestantes estão nas ruas, com cartazes de reféns, pedindo a volta das negociações para a libertação de todos, que seriam 159, segundo cálculos de Israel.
Em meio a sirenes alertando mísseis de Gaza e ataques da aviação israelense, mais dois reféns foram dados como mortos em cativeiro nos túneis do Hamaz, um deles a professora do Jardim de Infância do kibutz Nir Oz, Maya Goren, 56.
Na manchete do jornal New York Times, com reprodução na imprensa israelense, a revelação de que o ataque de 7 de outubro, que matou 1.200 nos kibutzim fronteiriços a Gaza, era conhecido da inteligência em Israel há mais de um ano. Dois fracassos: o primeiro, não ter acreditado no plano obtido por espiões, batizado de Muralhas de Jericó; e segundo, quando o plano foi executado, não ter conseguido impedí-lo.
O que levou a cúpula de inteligência a negligenciar o plano Muralhas de Jericó foi considerá-lo ambicioso e além das possibilidades do Hamas. Em duas ocasiões recentes, agentes israelenses alertaram que os treinamentos das forças palestinas seguiam o roteiro do plano desacreditado. E deu no que deu.
Agora se revela que o braço armado do Hamas recebeu ordens de retomar o combate, nesta sexta-feira, e defender a Faixa de Gaza. Há combates violentos, segundo o site do Shehab, afiliado ao Hamas.
As escolas em Israel só podem reabrir se tiverem abrigos antiaéreos que os alunos possam alcançar quando soam as sirenes. As da fronteira com Gaza permanecem fechadas.
O secretário de Estado Antony Blinken passou a quinta-feira entre Jerusalém e Ramallah tentando manter o cessar-fogo. Ele queria que Israel, recomeçando a guerra, desse mais proteção aos civis palestinos, aglomerados no sul de Gaza, o alvo nesta nova fase. Os israelenses distribuiram mapas com Gaza fragmentada em pequenas regiões numeradas (veja a reprodução). Os militares usariam os números para alertar qual zona entraria em "combate ativo", permitindo a fuga de civis.