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Equipe brasileira lidera ação de resgate em área destacada pela ONU na Turquia

Profissionais brasileiros atuam há dez dias no país do Oriente Médio na busca por vítimas de terremoto

Rodrigo Hidalgo e Dario Costenaro

A Missão Humanitária Brasileira, após reunião na Célula de Coordenação de Busca e Resgate, recebeu pela primeira vez na história a designação de um setor para realizacação de trabalhos de cooperação de resgate, em região afetada por terremotos na Turquia

Com isso, a equipe brasileira está pela primeira vez sob a tutela do Grupo Consultor Internacional de Busca e Resgate (Insarag), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), que tem atuação em ocorrências internacionais. 

Parte da equipe do Brasil contina os trabalhos de recuperação de vítimas fatais, juntamente com equipes turcas. Outra parte da equipe foi com intérpretes e equipamentos para o local designado pelo posto de Comando Turco (UCC).

Heróis

Dez dias depois do terremoto que devastou o país e a vizinha Síria, profissionais de vários países, inclusive brasileiros, seguem no trabalho incansável de ajudar as vítimas na Turquia. 

O repórter Rodrigo Hidalgo, da Band, acompanhado do repórter cinematográfico Dario Costenaro, conta as histórias de alguns desses heróis. Sargento Edinei, Cabo Vitor Bueno, Cabo Vicentini. Três bombeiros que fazem parte do grupo de quarenta profissionais que integram a missão humanitária brasileira na Turquia. Militares que estão na lista dos mais capacitados do país para ações de resgate e salvamento.

Longe de casa, atuam dia e noite em pontos que foram colapsados após o forte terremoto da segunda-feira da semana passada.

Nas poucas horas de descanso, a chamada em vídeo com a família renova as forças para o dia seguinte. Nesse contexto, o Brasil recebeu, pela primeira vez, uma designação Insarag para liderar uma ação de resgate internacional.

Na madrugada, os brasileiros saíram às pressas da base depois que um sobrevivente foi localizado nos escombros de um prédio de Kahramanmaras, cidade do Sudeste da Turquia, região mais afetada pelo terremoto. 

E não dá para deixar de falar dos heróis voluntários sem farda. Necati perdeu 19 pessoas da família na tragédia. Encontrou a missão brasileira para pedir comida. Conversamos alguns minutos e perguntei ao mágico profissional de onde ele tira forças para ajudar nos resgates, mesmo nesse momento de muita dor.

“É por isso que eu sou mágico. Eu comecei a trabalhar com isso quando meus pais morreram quando eu era criança. Pensava que com a magia poderia os trazer de volta. Vamos ter muito tempo para chorar depois. Agora é hora de salvar e enterrar nossos amigos”.

Para recompensar tanto esforço, uma boa notícia. Duas mulheres foram resgatadas com vida aqui na região - 226 horas depois do desastre. Uma delas é uma idosa, de 77 anos.

Atualização

Cinco pessoas foram resgatadas com vida na quarta-feira depois de nove dias soterradas nos escombros, na sequência dos sismos na Turquia que provocaram, pelo menos, 40 mil mortos no país e na Síria.

O último resgate ocorreu em Antioquia, uma das cidades mais destruídas pelos terremotos, onde as equipas de resgate retiraram dos escombros com vida uma mulher e os dois filhos, presos durante 228 horas.

Uma hora antes, as equipas tinham resgatado uma mulher de 74 anos, Cemile Kekeç, habitante da cidade de Kahramanmaras, perto do epicentro. Na mesma cidade, uma mulher de 42 anos, Melike Imamoglu, foi encontrada viva num prédio que tinha desabado, depois de as equipas de busca ouvirem os seus pedidos de socorro.

Os cinco resgates, quase milagrosos por ocorrerem ao fim de vários dias, somam-se ao salvamento de uma outra mulher, Fatma Güngör, de 77 anos, resgatada na cidade de Adiyaman.

As baixas temperaturas, próximas de zero grau, ou até mais baixas, na região afetada, podem em certas circunstâncias facilitar a sobrevivência das pessoas presas, como explicaram especialistas da equipe de bombeiros de Madrid, em Espanha, que participou vários dias nos resgates, à agência Efe.

Os escombros protegem contra o frio extremo e, como não faz calor, o corpo não transpira e desidrata como no verão, quando as chances de sobrevivência seriam de apenas dois ou três dias, precisaram.

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