Entenda os riscos do consumo de álcool e drogas durante a amamentação

Substâncias psicoativas podem ficar por até 24 horas no organismo das lactantes e serem passadas através do leite materno para o bebê

Por Beatriz Failla

Entenda os riscos do consumo de álcool e drogas durante a amamentação
Amamentação
Substâncias psicoativas alteram volume, produção e composição do leite materno. Reprodução/Freepik

A amamentação é essencial para o desenvolvimento dos bebês e recomendada de forma exclusiva na alimentação até os seis meses, uma vez que fornece todos os nutrientes necessários, sem que a água ou qualquer outro alimento seja necessário nessa fase da vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas os nutrientes que compõem o leite materno variam de acordo com a alimentação da lactante. O uso de substâncias psicoativas, por exemplo, pode modificar a produção, o volume e a composição.  

“Quando a lactante consome alguma droga e amamenta, ela passa [a droga presente no organismo] para a criança através do leite materno que produz”, explica a nutricionista especialista em saúde da criança Letícia Guersoni ao Band.com.br. 

A psicóloga especialista em dependência química Neliana Buzi Figlie diz que o uso de drogas e bebidas alcoólicas durante a amamentação pode causar no bebê sonolência, diaforese (transpiração intensa), fraqueza, ganho de peso inadequado e alterações clínicas, além de prejudicar a função renal. 

Como cada substância atua 

Os diferentes tipos de substâncias psicoativas afetam de forma diferente o desenvolvimento das crianças. A cocaína e o crack, por exemplo, podem fazer com que o bebê manifeste extrema irritabilidade, tremores, aumento da frequência cardíaca e hipertensão.  

A exposição ao tabaco, por sua vez, pode favorecer a ocorrência de cólicas e doenças respiratórias, e o uso da maconha pode causar fadiga e alterar o padrão da mamada. Já o álcool pode impactar na sonolência e no neurodesenvolvimento a longo prazo.  

Neliana ainda alerta que o tempo que a droga continua presente na amamentação vai variar conforme as condições nutricionais da mãe, da dose e dos quadros clínicos e psiquiátricos.  

“Em geral, o álcool é metabolizado rapidamente, sendo uma unidade de álcool para cada uma hora. Já as drogas fumadas podem permanecer no organismo por um longo período, até dias, bem como alguns medicamentos. A cocaína, o crack, a heroína e a maconha ficam por 24 horas”, pontua a psicóloga.  

Dependência química 

A psicóloga ressalta que filhos de mães dependentes químicas têm maior risco de fazerem uso de substâncias psicoativas no futuro do que filhos de mães não dependentes. 

“Sendo que filhos de alcoolistas têm um risco aumentado em quatro vezes para o desenvolvimento do alcoolismo, depressão, ansiedade, transtorno de conduta e fobia social”, alerta Neliana. 

E doses pequenas? 

O uso de substâncias psicoativas durante o período de amamentação é contraindicado e deve ser desencorajado. Caso a lactante queira abrir uma exceção para uma dose pequena de álcool, no entanto, as especialistas recomendam que ela programe o horário de uso, fazendo o consumo logo após a amamentação, ou opte por armazenar o leite antes de ingerir a bebida. 

Amamentação após os seis meses 

Ao passar dos seis meses, o aleitamento materno passa a ser complementar na alimentação até os 2 anos de idade. Nesse período, ela garante componentes imunológicos que fórmulas infantis ou leites de outros animais não oferecem – e podem inclusive gerar riscos para o bebê quando consumidos.  

Segundo Letícia Guersoni, o aleitamento materno funciona como uma espécie de ‘vacina’ para a criança, protegendo-a de ter doenças, entre outros benefícios.  

“Os primeiros 2 anos de vida são os anos em que o ser humano mais cresce (na relação tempo x tamanho) e ganha novas habilidades, sendo fundamental uma boa programação metabólica para que esse desenvolvimento inicial ocorra de forma plena e leve a uma vida adulta saudável”, finaliza. 

Agosto Dourado  

A campanha global "Agosto Dourado" dedica o mês à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno no mundo. No Brasil, é apoiada pelo Ministério da Saúde, que diz tratar o “aleitamento materno como uma das prioridades do Governo Federal”. Dicas, instruções e mais informações podem ser encontradas neste link.

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