A jovem influencer chinesa Pan Xiaoting, de 24 anos, morreu em 14 de julho após transmitir conteúdo ao vivo por 10 horas em que comia 10 kg de alimento, como bolo de chocolate e frango frito, para milhares de seguidoes.
Surgido na Coreia do Sul, esse tipo de vídeo em que influenciadores se exibem comendo muito durante horas e interagem com a audiência se chama mukbang. Geralmente, os alimentos ingeridos são pouco saudáveis.
A autópsia de Xiaoting revelou que o estômago da jovem estava deformado e cheio de comida não digerida, de acordo com informações do site chinês Sohu. A suspeita é que ela tenha morrido em decorrência de uma ruptura no órgão.
Antes garçonete, a influenciadora ficou famoso após fazer transmissões ao vivo do tipo mukbang. Traduzida literalmente do coreano, a palavra significa "transmissão de comida".
Campanha chinesa e interesse dos brasileiros
Em 2020, o o presidente chinês, Xi Jinping, lançou a campanha “Prato Limpo”, para conscientizar o país contra o desperdício alimentar.
A ação levou meios de comunicação estatais, como a CCTV, a publicar reportagens críticas aos mukbangers.
Usuários de vários aplicativos chineses receberam avisos sobre o conteúdo do mukbang e produtores de conteúdo do gênero enfrentaram um fluxo de comentários negativos.
À época, o interesse dos brasileiros por mukbang atingiu seu patamar mais alto, de acordo com dados dos últimos 5 anos do Google Trends (veja gráfico abaixo).
No período de tempo, o caso de Xiaoting deve registrar o pico de buscas pelo assunto, de acordo com projeção da ferramenta.
Criadores famosos de mukbang
Seguindo a tendência que surgiu no final dos anos 2000 na Coreia do Sul, o norte-americano Nicholas Pery, conhecio como Nikocado Avocado, começou seu canal em 2014. Hoje, tem 3,8 milhões de inscritos no YouTube.
O homem de 32 anos, do estado da Pensilvânia, ficou milionário ao documentar a jornada para ganhar peso e fazer transmissões ao vivo do gênero. Atualmente, ele pesa cerca de 160 quilos.
Outra sensação do mukbang é a Hungry Fatchick, ou Candy Godiva, com mais de 280 mil inscritos.
Ela ganha até 26 mil dólares - cerca de R$ 147 mil - por ano, de acordo com a ferramenta Social Blade.
Riscos de comer demais
Em casos extremos e raros, comer em excesso pode levar à perfuração gastrointestinal, quando o estômago se rompe, libera o conteúdo no abdômen e causa infeccções que podem ocasionar a morte.
Mais comumente, ingerir alimentos além do necessário pode gerar as seguintes consequências, de acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso):
- Moleza;
- Fadiga;
- Indigestão;
- Falta de apetite;
- Dor de cabeça;
- Mal-estar;
- Enjoos;
- Náuseas;
- Diarreias;
- Constipação;
- Excesso de gases.
Quando alguém come muito, os órgãos ficam sobrecarregados e o primeiro a sentir os efeitos é o estômago. Ingerir comida em excesso faz com ele se expanda mais para suportar os alimentos.
Essa alteração, que parece simples, causa desconforto e mexe com pâncreas e fígado, que precisam trabalhar mais para produzir hormônios e enzimas que atuam na quebra dos alimentos.
Comer demais com frequência provoca obesidade e resistência à insulina. Essas condições favorecem o surgimento da síndrome metabólica, que envolve hipertensão, colesterol elevado e alterações na glicose.
Por isso, também aumenta a mortalidade, devido ao risco de doenças cardiovasculares.