Entenda a relação de Trump e Musk: saiba por que bilionário também sai vitorioso após eleições

O republicano venceu a democrata Kamala Harris e se tornará o 47º presidente dos Estados Unidos

Da Redação com Deutsche Welle

Elon Musk apoia Donald Trump
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O bilionário Elon Musk comemorou a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos compartilhando a imagem de um foguete decolando. “O futuro vai ser fantástico”, escreveu na legenda da postagem feita no X, rede social da qual é dono.

O empresário, que também está à frente da companhia automotiva Tesla e da empresa de transporte espacial SpaceX, apoiou o republicano em toda a campanha. No discurso da vitória feito nesta quarta-feira (6), Trump agradeceu o apoio e chamou Musk de “gênio” e “estrela”. 

O republicano venceu a democrata Kamala Harris e se tornará o 47º presidente dos Estados Unidos após uma eleição que teve ambos os candidatos empatados nas pesquisas até o último momento. Como vice, Trump terá J.D. Vance.

Afinal, qual a relação entre Donald Trump e Elon Musk?

Para o homem mais rico do mundo, administrar um império empresarial parece não ser suficiente. Elon Musk, de 53 anos, proprietário de algumas das empresas mais conhecidas do mundo – como a aeroespacial SpaceX, a montadora Tesla e a rede social X – também se tornou um ator visível na política mundial nos últimos meses.

Musk declarou apoio a Donald Trump, e investiu mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 570 milhões) na campanha do republicano, que retribuiu prometendo ao empresário um papel de liderança no governo, caso seja eleito.

Ele também queria que Trump contratasse alguns funcionários de sua empresa de foguetes, a SpaceX, para ocupar cargos importantes no governo — incluindo no Departamento de Defesa, de acordo com duas pessoas que estavam a par das ligações. 

Esse tipo de “intervenção” é comum para Musk, que costuma usar a influência que tem devido a suas empresas para participar do debate político em países de todo o mundo, do Brasil à Alemanha.

Apoio político explícito

Depois de Trump ser vítima de um atentado, em meados de julho, Musk o apoiou publicamente. Entre julho e meados de outubro, Musk contribuiu para um comitê de arrecadação de fundos para a campanha de Trump, de acordo com relatórios financeiros da campanha republicana.

Nos últimos dias, ele chamou a atenção por oferecer dinheiro para que eleitores registrados em sete estados decisivos assinassem uma petição. Todos os dias até a eleição, um signatário é selecionado aleatoriamente e ganha 1 milhão de dólares.

Esse envolvimento político explícito é incomum entre as elites empresariais dos EUA. "O relacionamento entre Musk e Trump revela um nível de influência que a maioria dos magnatas dos negócios prefere manter fora do radar", diz a especialista em políticas cibernéticas Marietje Schaake, da Universidade de Stanford, autora de The Tech Coup: How to Save Democracy from Silicon Valley (O golpe tecnológico: como salvar a democracia do Vale do Silício).

"As ações de Musk parecem mostrar que ele acredita que pode fazer o que quiser", acrescentou, em referência às frequentes tentativas de Musk de interferir no debate político de outros países, como no caso recente do Brasil, onde teve uma queda de braço com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

O que fica evidente é que esses esforços de Musk pretendem obter ainda mais influência. "É bem provável que ele queira que Trump assuma certos compromissos na política externa no que diz respeito a seus negócios", disse Schaake.

Essa concentração de poder sobre a infraestrutura digital crítica representa um risco para a democracia, alertou Schaake. "Musk é imprevisível: suas posições podem mudar da noite para o dia", observa. "E quando alguém que controla produtos e infraestrutura importantes muda de ideia, as consequências também são significativas."

Musk sai vitorioso com a eleição de Trump?

Essa intervenção aberta e visível de Musk em temas políticos, que não encontra paralelo em outros empresários famosos, evidencia como algumas poucas empresas privadas de alta tecnologia e seus executivos detêm um poder cada vez mais incontrolável sobre decisões que normalmente cabem a governos, alertam especialistas.

"Os tipos de tecnologias que Musk opera são altamente críticos, e as empresas que ele possui são incrivelmente influentes e estão posicionadas em pontos-chave em termos de acesso à informação e geopolítica", disse a especialista em políticas cibernéticas.

"Musk não está apenas administrando essas empresas para maximizar o sucesso delas", disse Schaake, ex-membro do Parlamento Europeu pelo partido liberal-social Democratas 66. "Ele também as está usando como ferramentas para sua própria agenda geopolítica."

As seis empresas que Musk administra estão profundamente entrelaçadas com agências federais. Elas faturam bilhões com contratos para lançar foguetes, construir satélites e fornecer serviços de comunicação via satélite.

De autoproclamado moderado a ultraconservador

Desde que fundou sua primeira empresa, em meados da década de 1990, o empresário sul-africano criou uma série de empresas bem-sucedidas e acumulou uma fortuna estimada em mais de 243 bilhões de dólares.

Seu talento para transformar startups em líderes de seus setores lhe deu um controle cada vez maior sobre a infraestrutura digital crítica e gradualmente o ajudou a expandir sua influência política.

Atualmente, a Nasa depende da empresa espacial SpaceX para lançar seus satélites. A Starlink, uma subsidiária da SpaceX, fornece internet de banda larga para alguns dos lugares mais remotos do mundo e se tornou uma ferramenta indispensável para militares em zonas de conflito, como a Ucrânia.

Com a aquisição do Twitter em 2022, posteriormente rebatizado de X, Musk também obteve o controle de uma das redes sociais mais conhecidas e influentes.

Em paralelo, o empresário – que antes se identificava como moderado à margem da política – tem se alinhado cada vez mais a posições ultraconservadoras, opondo-se abertamente a ideais de esquerda que considera prejudiciais ao futuro da sociedade.

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