Entenda a decisão da Meta, dona do Instagram e Facebook, de acabar com checagem de informação

Na prática, CEO da empresa, Mark Zuckerberg, fez um aceno ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump

Por Guilherme Machado

Meta irá mudar modelo de checagem de fatos
REUTERS/Dado Ruvic

A Meta, dona do Facebook e Instagram, anunciou que abandonará o serviço de checagem de informação e que adotará um sistema de “notas da comunidade”, similar ao do Twitter. Na prática, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, fez um aceno ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Mas o que significa essa mudança?

Em um vídeo publicado das redes sociais, Zuckerberg disse que o modelo “foi longe demais”.

“Isso significa que identificaremos menos conteúdos problemáticos, mas também reduziremos a remoção acidental de postagens e contas de pessoas inocentes”, afirmou.

Ele ainda afirmou que trabalhará com Trump para “pressionar os governos de todo o mundo, que visam perseguir empresas americanas e pressionando para implementar mais censura". Sem apresentar provas, ele ainda acusou países da América Latina de terem “tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas silenciosamente”.

O que muda com o pronunciamento de Zuckerberg?

Até aqui, as redes da Meta contavam com parceiros de verificação de fatos, que analisavam conteúdos publicados e que poderiam deixar comentários ou até mesmo recomendar a exclusão de postagens que violassem normas e contivessem informações falsas. Existia uma equipe interna dedicada para isso.

Agora, a empresa diz que terá filtros apenas para situações de “alta gravidade” e que violem leis.

Entretanto, para casos que forem considerados “de menor gravidade”, serão atribuídas “notas da comunidade”, ou seja, comentários e correções feitas pelos próprios usuários. Zuckerberg não esclareceu como serão diferenciadas situações “graves” de “não graves”.

Também haverá uma mudança estrutural na empresa, com o departamento responsável pela revisão de conteúdos postados sendo levado para o estado do Texas.

Decisão de Zuckerberg gerou críticas na web

A decisão de retirar a verificação de fatos dos aplicativos da Meta causou polêmica nas redes sociais. O Idec, Instituto de Defesa dos Consumidores, manifestou preocupação com a medida de Mark Zuckerberg. "A substituição de verificadores de fatos por "notas comunitárias" e a redução de filtros de moderação podem aumentar a circulação de desinformação, discurso de ódio e conteúdos nocivos nas plataformas", diz a nota. 

“Mudanças anunciadas pela Meta demonstram o problema estrutural da concentração de poder nas mãos de corporações que atuam como árbitros do espaço público digital”, pontua o órgão. 

O secretário de Políticas Digitais da SECOM, João Brant, pontua que a declaração de Zuckerberg sinaliza que a “empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump”.

Nos comentários da publicação de Zuckerberg e em outras redes, como o X, a população se divide em criticar a decisão e elogiar o dono da Meta. “Zuckerberg apenas confirma que é tão odioso e perigoso quanto Musk”, escreveu um. “'Zuckerberg copiou Musk'. Copiou e tá tudo certo. Copiar coisa boa faz bem”, comentou outro. 

Tópicos relacionados

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.