Emissões globais de CO2 devem bater novo recorde em 2023

Relatório indica ainda que, se ritmo de emissões continuar alto como atualmente, aquecimento global tem chances de alcançar meta de 1,5°C em sete anos

Por Deutsche Welle

As emissões de dióxido de carbono da queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, devem bater um novo recorde, chegando a 36,8 bilhões de toneladas, segundo dados do Relatório de Orçamento de Carbono Global apresentado nesta terça-feira (05) Conferência do Clima, COP28, em Dubai.

Em relação a 2022, as emissões por queima de combustíveis fósseis, principal fonte do efeito estufa global que causa a crise climática, tiveram um crescimento de 1,1%, segundo o relatório elaborado por mais de 90 instituições, entre elas a Universidade de Exeter, a Universidade de East Anglia, o Centro de Pesquisa Climática Internacional e Universidade Ludwig-Maximilians de Munique.

Quando as emissões de CO2 fóssil e as emissões da mudança no uso da terra são somadas, o total aumentará para 40,9 bilhões de toneladas este ano, segundo as previsões para o final de 2023. O número geral é superior ao de 2022, quando teriam sido emitidas 40,6 bilhões de toneladas de CO2, e confirma a distância que persiste em relação às metas climáticas globais a serem cumpridas, que deveriam ser “urgentes”, segundo o relatório.

Enquanto cerca de metade do CO2 ainda é absorvido por “sumidouros” terrestres, como florestas e oceanos, o restante das emissões permanece na atmosfera e causa mudanças climáticas.

O estudo aponta também diferenças regionais na luta contra as mudanças climáticas. De acordo com os indicadores, grandes poluidores registraram quedas nas emissões de CO2 este ano, como os Estados Unidos (-3%), a União Europeia (-7,4%) e no resto do mundo (-0,4%). No entanto, a China, responsável por quase um terço das emissões globais, registrou um aumento de 4% nas emissões.

A Índia também teve aumento das emissões de CO2 em mais de 8% este ano, o que significa que o país ultrapassou a UE como o terceiro maior emissor de combustíveis fósseis, conforme o relatório.

Aquecimento global de 1,5°C em sete anos

O relatório também indica que, na taxa atual de emissões, há 50% de chance de que, em cerca de sete anos, o aquecimento global ultrapasse um limite normalizado de 1,5°C acima dos níveis térmicos da era pré-industrial. As emissões de CO2 agravam as mudanças climáticas e criam um panorama crítico, com temperaturas extremas e fortes tempestades.

“Parece inevitável que ultrapassemos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris”, alerta Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter, Reino Unido, e coordenador do relatório.

Por esse acordo, firmado em 2015, os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura a menos de 2°C em relação à era pré-industrial e, se possível, a 1,5°C. Desde então, a meta mais ambiciosa de 1,5°C tornou-se prioridade, pois um aquecimento maior pode desencadear mudanças perigosas e irreversíveis no clima do planeta – o que deixar regiões da Terra inabitáveis.

Os cientistas alertam que as ações globais para reduzir os combustíveis fósseis não estão sendo rápidas o suficiente para evitar mudanças climáticas extremas.

Cortes rápidos de emissões

Segundo os cientistas, a COP28 de 2023, que vai até o dia 12 de dezembro, terá de chegar a um acordo sobre “reduções rápidas nas emissões de combustíveis fósseis” que impeçam que a temperatura do planeta ultrapasse esses níveis ou, pelo menos, mantenham a meta de não ultrapassar um aumento de 2°C em relação à era pré-industrial.

“Todos os países precisam descarbonizar suas economias bem mais rápido do que têm feito, para evitar piores impactos nas mudanças climáticas”, afirma Friedlingstein.

A previsão é que as emissões atmosféricas de CO2 atinjam em 2023, 51% acima dos níveis pré-industriais.

Segundo Glen Peters, do CICERO, Centro de Pesquisa Climática Internacional, as emissões de dióxido de carbono estão 6% mais altas do que quando os países assinaram o acordo de Paris. “As coisas estão indo na direção errada”, alerta.

Devido aos gases de efeito estufa gerados pela atividade humana, o ano de 2023 também bateu recordes de temperatura e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou que as temperaturas globais aumentaram em média 1,2 °C, tornando o ano de 2023 o mais quente da história, provocando ondas de calor, incêndios florestais, inundações e tempestades.

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