Embaixador do Irã no Líbano perdeu um dos olhos com explosão de 'pagers-bomba'

O Hezbollah promete retaliação contra Israel

Por Moises Rabinovici

Embaixador do Irã no Líbano perdeu um dos olhos com explosão de 'pagers-bomba'
Beirute, no Líbano, um dia após explosão de pagers
REUTERS/Mohamed Azakir

A explosão de 5 mil pagers do Hezbollah teve que ser precipitada por causa da suspeita de que eles estavam adulterados com explosivos, levantada por dois agentes no Líbano. “Use agora, ou nunca mais”, resumiu o jornal The Times of Israel. A antecipação foi decidida pelo governo israelense numa reunião de emergência na noite de segunda-feira. A explosão deveria ocorrer para surpreender o Hezbollah no início de uma ofensiva israelense.

O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, perdeu um dos olhos com a explosão, que matou 11 pessoas e feriu 4 mil, entre as quais 400 em estado grave. O Hezbollah promete retaliação contra Israel. Seu líder, Hassan Nasrallah, marcou um pronunciamento para quinta-feira, às 17h local (11h no Brasil). Dois drones foram interceptados por Israel nesta quarta-feira, perto da fronteira libanesa, em Rosh HaNikra.

Os pagers adulterados têm a marca Gold Apollo, que é uma empresa em Taiwan. Mas não foi ela que os fabricou e vendeu para o Hezbollah, e sim uma licenciada, BAC, com sede na Hungria. “Nós apenas fornecemos autorização de marca registrada e não temos qualquer envolvimento na concepção ou fabrico deles”, disse o diretor da Gold Apollo, Hsu Ching-Kuang, em Taipé.

Os 5 mil pagers comprados pelo Hezbollah no início deste ano foram recheados com explosivos enquanto eram fabricados, ou durante a remessa da Hungria para o Líbano. Em uma ocasião, informou o Ministério dos Assuntos Econômicos de Taiwan, houve um incidente “estranho” com uma transferência bancária da BAC, que acabou vindo do Oriente Médio. Mas Hsu Ching-Kuang não disse de qual país.

Israel teria informado aos EUA sobre as explosões dos pagers só depois que ocorreram. A linguagem usada é curiosa, como vazou para a imprensa: a detonação foi “imposta” ao governo israelense depois que dois agentes do Hezbollah descobriram que os aparelhos eram bombas esperando o disparo remoto.

Na segunda-feira, ao receberem o enviado da Casa Branca que tenta evitar a extensão da guerra de Gaza para o Líbano, Amos Hochstein, o primeiro-ministro Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, foram claros: só uma operação militar poderá trazer de volta às suas casas ao norte israelense os 60 mil deslocados para o sul há quase um ano, quando o Hezbollah, em solidariedade ao Hamas, começou a disparar mísseis diariamente.

A situação está muito tensa na fronteira israelo-libanesa, com alarmes de ataque aéreo soando continuamente. O Irã acusou Israel de “assassinatos em massa” e mandou a Beirute equipes de resgate e vários cirurgiões de olhos, uma das áreas mais afetadas pela explosão dos pagers.

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