O ex-presidente do IBGE Paulo Rabello de Castro foi entrevistado, ao vivo, por Pedro Campos e Agostinho Teixeira, no Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes neste sábado, 31. Ele repercutiu a fala do ministro Paulo Guedes de que o “IBGE está na idade da pedra lascada”: “Com a política do atual governo, nós voltamos à idade da pedra lascada. Não temos nem um presidente que consiga defender algo tão simples quanto a vacinação em uma população que, mundialmente, está sendo atacada, amaldiçoada por um vírus”, disse Rabello.
Como instituição, Paulo Rabello defendeu que o IBGE é grandioso e que opera com recursos bastante limitados atualmente. “Apesar dessas limitações, o IBGE é uma instituição respeitadíssima internacionalmente. Quando cheguei ao IBGE, a instituição era quem estava na cadeira da Presidência da Comissão Estatística da ONU. Vocês podem tirar [conclusões] por aí, pois ninguém ia colocar um país que estatisticamente fosse de ‘segunda ou terceira grandeza’ para presidir a Comissão Estatística Mundial”, defendeu. “Com isso, já finalizo o nível da bobagem, da estupidez, da falta de modos do nosso ‘ministro antropólogo’. Agora, como ele não consegue lidar bem com a economia, está se bandeando para a antropologia e arqueologia.”
PNAD
Paulo Rabello de Castro também exaltou a importância da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que traz os dados sobre desemprego no País, porém admite que os dados “sofreram com um pouco em ternos de qualidade”: “Os entrevistadores que iam pessoalmente fazer as entrevistas, agora fazem por telefone”, diz. “Reitero aqui o agradecimento aos brasileiros que respondem às pesquisas. Isso é muito importante para que a gente não apague a luz da informação no Brasil”.
Questionado sobre a confiabilidade da mesma, Paulo Rabello disse que só para esta pesquisa – que é uma das várias que o instituto realiza – técnicos do IBGE ouvem mais 70 mil brasileiros por mês. “Agora, uma pesquisa nacional sobre intenção de voto do IBOPE ou Datafolha, pesquisa 2 mil pessoas e o pessoal enche o peito (...) e atribui alta confiabilidade”.
Segundo a última PNAD, a criticada por Paulo Guedes, 14.8 milhões estão desempregados no País hoje. “Esse número, em uma população empregada de 86 milhões de pessoas, é muito alto”, disse Paulo. O ex-presidente da instituição ainda ressaltou o altíssimo número de brasileiros com mão de obra subutilizada, ou desalentada, que são mais quase 15 milhões. “Cerca de 30 milhões não estão empregadas ou muito mal-empregadas. É o principal problema do Brasil e o Paulo Guedes sabe disso.”
Por fim, Paulo Rabello ainda citou a possível continuação do auxílio emergencial em 2022 como prova de que o País não está bem. “Quando Bolsonaro diz que o auxílio emergencial vai para 2022, eles sabem muito bem que o Brasil, apesar de estar se recuperando, está longe de ter recuperado os níveis de emprego, trabalho e produção de riqueza de antes da pandemia, e o ministro não está colaborando nada para que o País não se recupere mais rápido”.