Pelo menos sete pessoas morreram e 2,1 milhões de casas ficaram sem luz após fortes chuvas atingirem o estado de São Paulo na noite de sexta-feira (11/10).
Autoridades do estado informaram que as rajadas de vento registradas foram de até 108 km/h, derrubando linhas de transmissão, árvores e muros, e causando prejuízos, como carros e casas destruídas.
A tempestade também fechou aeroportos e interrompeu o serviço de água em várias áreas, de acordo com o governo estadual. Autoridades pediram aos moradores que limitassem o consumo de água.
A Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia na Grande São Paulo, informou que ao menos 1,3 milhão de pessoas ainda estavam sem luz até as 21h de sábado, sendo 870 mil só na capital, e não deu prazo para o religamento.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) avalia cassar a concessão da empresa por não resolver os problemas de falta de energia de forma rápida e satisfatória, e pediu esclarecimentos sobre a situação.
Outras regiões do país também foram varridas por temporais no fim da semana. Em Brasília, após 167 dias seguidos de estiagem, a chuva foi recebida como alívio por moradores, mas também causou estragos. Um soldado foi morto e outro ficou ferido depois que uma árvore caiu enquanto removiam uma bandeira em frente ao quartel-general da Polícia Militar, segundo a corporação.
Vídeos mostram ainda funcionários da Câmara dos Deputados usando guarda-chuvas dentro do plenário da casa, pois a água da chuva vazou para dentro do prédio.
Extremos climáticos
Nos últimos meses, o Brasil passou pela pior seca desde que se tem registro, o que, segundo especialistas, está ligado às mudanças climáticas.
O clima seco alimentou incêndios em todo o país, devastando a floresta amazônica, deixando onças-pintadas com queimaduras no pantanal e sufocando praticamente todas as capitais com fumaça.
De acordo com um relatório divulgado no sábado (12/10) peloMapBiomas, sistema de alerta sobre desmatamento por meio de imagens de satélite, 22,4 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo nos primeiros nove meses de 2024, um aumento de 150% em comparação com o mesmo período de 2023. Isso representa 2,6% do território brasileiro.
Mais da metade da área queimada foi na região amazônica. Somente em setembro, 5,5 milhões de hectares sofreram com incêndios – um salto de 196% em comparação com o mesmo mês em 2023.
"A estação seca na Amazônia, que normalmente vai de junho a outubro, foi particularmente severa este ano e exacerbou ainda mais a crise de incêndios na região", disse Ane Alencar, do MapBiomas.
Em setembro, o cerrado, reservatório de água do Brasil e lar de cerca de 5% de todas as espécies de plantas e animais da Terra, foi o bioma mais afetado por incêndios em termos proporcionais de área, com 4,3 milhões de hectares.
Em setembro, quase 318 mil hectares do pantanal, a maior área úmida do mundo, foram destruídos pelo fogo - um aumento de 662% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
sf (AFP, DPA, ots)