O ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, está nesta segunda-feira (14/08) em Kiev – na sua primeira viagem à capital ucraniana desde o início da invasão russa.
Após chegar no início da manhã, ele afirmou que pretende manter conversações "muito concretas" com as autoridades ucranianas sobre a forma como o Ministério das Finanças alemão pode apoiar a Ucrânia no presente e no futuro. "Estamos ao lado da Ucrânia", disse Lindner em declarações aos jornalistas, ao desembarcar do trem em Kiev.
Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, a Alemanha já forneceu à Ucrânia cerca de 22 bilhões de euros em ajuda humanitária, financeira e militar, disse o ministro e líder do Partido Liberal Democrático (FDP), força política que integra a coalizão de governo liderada pelo chanceler federal Olaf Scholz. O montante inclui fundos para abrigo, alojamento e alimentação de refugiados da Ucrânia. A ajuda militar chegou a mais de 12 bilhões de euros.
"Trata-se do futuro da ordem de paz e liberdade europeia. A Alemanha continuará lado a lado com a Ucrânia. A Ucrânia não pode perder esta guerra", ressaltou o ministro alemão, acrescentando que as suas conversações em Kiev não são apenas centradas na situação atual. "Vamos também olhar para o futuro", disse, indicando que as conversas visam focar áreas de cooperação, como as relacionadas com investimento direto estrangeiro e questões aduaneiras.
Pressão por mísseis Taurus
A visita de Christian Lindner acontece num momento em que a Alemanha está sendo cada vez mais pressionada por Kiev para enviar mísseis de longo alcance Taurus para apoiar a contraofensiva ucraniana contra as tropas russas. Até agora, Berlim vem se opondo ao pedido, receando que os mísseis possam atingir o território russo e agravar o conflito.
Na sexta-feira, o semanário Der Spiegel informou que a Alemanha estaria avaliando a possibilidade de enviar mísseis de longo alcance Taurus para a Ucrânia, desde que o seu alcance seja reprogramado para que não possam ser utilizados contra território russo.
O Ministério da Defesa alemão e os representantes das empresas fabricantes desses equipamentos têm estado em contato para estudar a possibilidade de reprogramação desses mísseis de cruzeiro ar-terra – com um alcance de mais de 500 quilômetros –, de forma a limitar seu alcance, conforme a publicação alemã.
Fontes do setor admitem que essa modificação é possível, mas apontam que o processo levaria várias semanas. De acordo com a Spiegel, Olaf Scholz só irá aprovar o envio dos mísseis para Kiev quando estiver convencido de que essa reprogramação é viável.
Em declarações ao jornal alemão Bild, Mykhailo Podoliak, conselheiro da presidência ucraniana, disse que os mísseis Taurus são "cruciais" para a contraofensiva da Ucrânia. Para tentar dissipar as preocupações alemãs sobre o alcance dessas armas, Podoliak afirmou ainda que elas seriam utilizadas "exclusivamente no território da Ucrânia, dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas de 1991".
md (DPA, Lusa, ots)