Em entrevista a Boechat, Jô Soares explicou por que adotou o apelido 'Gordo'

Humorista morreu nesta sexta-feira (5) aos 84 anos. Ele falou sobre vida e carreira em papo com Ricardo Boechat em 2017

Da redação

Jô Soares sempre fez questão de ser chamado de “Gordo”. Em entrevista ao jornalista Ricardo Boechat na Rádio BandNews FM em novembro de 2017, Jô falou por que adotou o apelido que marcou sua carreira e contou detalhes de sua vida. José Eugênio Soares, o Jô Soares, morreu nesta sexta-feira (5) em São Paulo aos 84 anos.

“Acho genial usar a palavra gordo em uma forma de carinho. É perfeito. Não gosto de gordinho. Não existe gordinho. Sou gordo”, disse Jô no papo com Boechat. Jô colocou a palavra “gordo” na maioria dos títulos dos seus trabalhos no teatro e na TV.

Ele revelou que seu peso máximo foi 160 kg, mas que resolveu fazer uma dieta cortando carboidratos. “Perdi no total 80 kg. Estava com 160 kg e as roupas não davam mais. Em uma quinta-feira falei que não iria mais comer carboidrato. De quinta até o dia da gravação, na segunda, perdi muitos quilos. Quando cheguei para gravar as roupas estavam folgadas. As pessoas achavam que eu estava doente. ”

Jô contou ainda que seu sonho sempre foi ser diplomata. Estou em colégios internos na infância, como o Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro; no Colégio São José, em Petrópolis, e no Lycée Jaccard, na Suíça.

Na entrevista, Jô Soares contou uma série de fatos relatados no livro ao longo de 80 anos de vida, incluindo a perseguição que sofreu durante o regime militar. Ele relatou que precisou se livrar de livros e pôsteres considerados comunistas:

Durante a conversa, Jô Soares falou ainda sobre a relação que tem com a religião. Ele chegou a ser ministro da eucaristia antes de se afastar da Igreja Católica.

Jô aproveitou para criticar o humor politicamente correto. “O humor não pode ser limitado. Se é engraçado ou não. Quando não é engraçado passa a ser ofensivo”, afirmou.  

“Eu nunca fiz nenhum tipo de humor que fosse ligado a raça ou a tipo físico, mas foi por acaso. Eu tive cartas de presidentes de associações da raça negra e de associações de defesa do negro elogiando minha atitude no programa sempre mostrando o não racismo, a defesa da posição da raça negra.” 

Jô Soares também falou na entrevista sobre Rafael Soares, seu filho com a atriz Therezinha Millet Austregésilo. Rafael era autista e morreu em 2014 aos 50 anos. “Rafinha era autista e tocava piano como concertista. Até que decidiu que não tocaria mais. Fechou o piano e se dedicou ao rádio. Ele teve uma homenagem da rádio que foi no velório e falou: ‘Este é o maior profissional da rádio que eu já conheci. Aquela era a vida do Rafinha. Ele não largava a rádio.".

Vídeo: veja a íntegra da entrevista de Jô Soares a Boechat em 2017

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