Tecnologia, política e economia. A compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk deve ter impactos nessas e outras esferas da ferramenta. A análise é de André Miceli, CEO da MIT Technology Review.
O bilionário anunciou nesta segunda-feira (25) a compra de 100% da empresa após semanas de negociações. Estima-se que o valor total da operação seja de US$ 44 bilhões (aproximadamente R$ 214 bilhões).
“A gente vai ver mudanças em todas as esferas, e a mudança de cada uma delas vai influenciar na outra. Vai mudar, por exemplo, na tecnologia porque ele muito provavelmente vai abrir o código da ferramenta. Isso significa que vai ficar claro para todo mundo que conheça minimamente programação (e para quem consome o conteúdo dessas pessoas) quais são os critérios usados pela ferramenta para banir uma pessoa, retirar um conteúdo do ar, censurar ou travar algum tipo de informação”, explicou à BandNews TV.
Vídeo: Elon Musk compra Twitter por R$ 215 bi
O especialista detalhou que essa transformação já mostrou reflexos iniciais com o movimento de usuários identificados com a vertente política de esquerda ensaiando uma retirada da ferramenta e usuários identificados com a vertente política de direita prometendo intensificar a presença por lá.
"Consequentemente, isso impacta a economia. O movimento que o Musk faz muito bem através das suas próprias redes sociais vai modificar a valorização da ferramenta (…). Ele já mostrou que sabe ganhar dinheiro, é um bom empresário, vai fazer girar no que diz respeito a suas empresas”, completou.
Twitter está ultrapassado?
Questionado se o Twitter estaria ficando para trás em comparação com outras redes sociais, especialmente o TikTok, André Miceli disse que a ferramenta precisa, sim, se reinventar para não entrar em desuso, como aconteceu com o Orkut.
“O Twitter é uma fênix que precisa renascer (…). O modelo de consumo do Twitter funciona muito bem na relação ídolos e fãs e também na discussão política. O TikTok é visual, atrai especialmente os mais jovens. No geral, podemos dizer que toda tecnologia tende ao desuso. O que a gente deve enxergar é a necessidade de reconstrução das tecnologias com o tempo sob pena de desaparecerem. O Orkut não soube se reconstruir. Agora resta ver se Elon Musk vai conseguir fazer o redesenho necessário para que o Twitter assuma o protagonismo que já teve.”