O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump disputam até o último minuto os votos por seus partidos nas eleições de meio de mandato, que definem a composição do Câmara e de um terço do Senado.
“Este é o momento de defender a democracia. Nossa democracia está em perigo”, afirmou Biden durante um comício em uma universidade em Maryland na segunda-feira (7) em um momento em que o Partido Republicano parece estar levando vantagem sobre os democratas.
Trump afirmou que fará “um grande anúncio” na sua residência Mar-a-Lago, na Flórida, no dia 15 de novembro. “Em 2024, vamos recuperar nossa magnífica Casa Branca”, disse o ex-presidente em seu discurso.
“Fomos uma grande nação e seremos uma grande nação novamente”, continuou, acrescentando: “Este é o ano em que recuperaremos a Câmara dos Deputados e o Senado e, o mais importante, em 2024, recuperaremos nossa magnífica Casa Branca.”
Eleições de meio de mandato
Os eleitores dos Estados Unidos vão às urnas nesta terça-feira (8) definir a composição completa da Câmara dos Representantes e parte do Senado do país. Todas as 435 cadeiras na Câmara e 30 vagas no Senado estão disponíveis. Atualmente, o Partido Democrata, partido do atual presidente, tem maioria nas duas Casas. Tradicionalmente, o presidente americano perde maioria nas eleições parlamentares de meio de mandato.
Em 2010, Barack Obama perdeu o controle da Câmara. Em 2018, foi a vez de Donald Trump perder a maioria na Casa.
Para o Senado federal, está prevista a renovação de um terço dos 100 senadores (34 desta vez) e mais uma eleição especial para ocupar o cargo de um senador que vai se aposentar em janeiro e ainda tinha quatro dos seis anos de mandato pela frente — nos EUA, os senadores têm mandato de seis anos.
Na disputa por 35 cadeiras no Senado, das quais estão em jogo 14 ocupadas, no momento, por senadores democratas e 21 por senadores republicanos. Atualmente, o Partido Democrata tem o controle do Congresso. O partido tem 220 deputados federais, enquanto o Partido Republicano tem 212. E três cadeiras estão vagas.
No Senado, o Partido Republicano tem 50 senadores, enquanto o Partido Democrata tem 48, mas conta com os votos de dois senadores independentes, o que estabelece um empate em votações importantes. No entanto, a vice-presidente Kamala Harris, que acumula o cargo de presidente do Senado, tem o voto de minerva.
O Partido Democrata luta para manter ao menos o controle do Senado. Mas a alta da inflação e o custo de vida crescente dos americanos desagrada os eleitores, que podem dar um recado nas urnas. A alta de preços bateu o recorde em mais de 40 anos e os perigos de uma recessão à espreita preocupam.
As disputas mais acirradas e que devem definir o futuro do Senado acontecem na Pensilvânia, Geórgia, Arizona e Nevada. Os candidatos democratas e republicanos estão empatados nas pesquisas realizadas nestes estados e o resultado de apenas estes quatros locais vão dar a maioria entre os senadores.
Joe Biden aposta no mercado de trabalho ainda aquecido e em pautas progressistas sob ameaça para conquistar eleitores. A recente decisão da Suprema Corte que restringiu o aborto poderia ser ainda mais endurecida por um Congresso com maioria republicana. Os parlamentares do partido de Donald Trump defendem restrições ao processo de interrupção da gestação.
A vitória do Partido Republicano nas urnas também representará uma vitória do ex-presidente substituído por Biden. Trump tenta se cacifar para a disputa presidencial de 2026, embora sofra com investigações diversas na Justiça.
Os republicanos afirmam que os democratas são responsáveis pelo aumento da inflação e da violência. Enquanto os democratas acusam os adversários de serem antidemocráticos por não aceitarem os resultados das urnas.
O voto nos Estados Unidos não é obrigatório, mas especialistas esperam um grande comparecimento às urnas. Quarenta milhões de eleitores já votaram de maneira antecipada.
Também estão em jogo o comando de 36 dos 50 estados americanos, o que motiva mais os eleitores a procurarem as seções eleitorais.
Voto distrital
Nos EUA, o voto é distrital. Em cada distrito há uma eleição para decidir quem será o deputado daquele localidade. Não é como no Brasil, onde há uma votação em que todos os candidatos de um único estado disputam todas as vagas daquele Estado).
Como o voto é distrital, a característica demográfica de cada distrito é importante para determinar o resultado das eleições.
Nos EUA, quem tem o poder para determinar onde ficam as divisas dos distritos são os legislativos estaduais (as assembleias legislativas de cada estado).
Há uma controvérsia sobre uma prática conhecida como gerrymandering. Trata-se de redefinir os limites dos distritos para beneficiar determinado grupo político.
Por exemplo, uma região onde há muitos eleitores negros, que tradicionalmente votam mais no Partido Democrata, pode ser dividida entre dois distritos distintos —assim, o poder eleitoral da população negra desse local será diluído em dois.
Essa é uma questão importante na política dos EUA, e a Suprema Corte deve tomar decisões no futuro sobre o poder dos legislativos estaduais para redesenhar os distritos.