O censor militar de Israel liberou: nesta terça-feira a imprensa israelense publica que um drone disparado do Líbano rachou o vidro do quarto do casal Netanyahu em Caesarea, ao norte de Tel-Aviv, no sábado.
O vidro blindado não quebrou, mas estilhaçou, com cacos caindo na piscina, e os Netanyahu não estavam em casa, mas há um outro alvo aqui que a censura militar tentou apagar: o Hezbollah tem pontaria.
Foram três os mísseis disparados do Líbano no sábado. Dois abatidos, o terceiro escapou aos radares. Deduziram que tivesse caído. Mas ele voou baixo na direção da casa do primeiro-ministro Netanyahu, até agora visada apenas pelos opositores que o acusam de gastar dinheiro público em sua permanente construção.
O censor militar israelense não se imiscui em política. No caso desse drone, o objetivo de impedir a publicação seria o de não dar aos atiradores a informação de que estão com a mira certa. Uma vez, na guerra do Golfo, o Iraque disparava mísseis contra Tel-Aviv.
A CNN internacional resolveu mostrar, com um mapa, que a cada novo disparo eles se aproximavam mais e mais do Ministério da Defesa. Foi censurada. Em termos militares, só faltou indicar quantos metros mais seriam necessários para um impacto direto.
Eu mesmo fui censurado enquanto transmitia ao jornal, por telex, que o tempo tinha melhorado e que, então, a retaliação de Israel contra a OLP, por um atentado em Londres, poderia começar.
O texto não passava. Um funcionário da Reuters, onde eu estava, disse que alguém me chamava ao telefone. Era o censor militar, que me advertia para desistir. Daí a pouco, vi, no noticiário que chegava do exterior, que Israel estava invadindo o Líbano. Aí a notícia ficou liberada em Israel.
O que mais me espantou foi que o censor militar controlava transmissões por telex mesmo em português.
Essa não foi a primeira vez que, de um trio de drones, sobra um ileso que continua a voar até explodir no seu alvo. É o princípio que rege também a chuva de mísseis. Não há como derrubar todos.
O sistema de defesa aéreo escolhe aqueles que voam para cidades ou aglomerações, deixando de lado os que deverão cair no mar ou em campos abertos. Só que podem errar. Os drones que voam baixo fogem aos radares.