Marcada pela frase ‘um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade’, a missão Apollo 11, que realizou um pouso lunar tripulado e retornou à Terra com segurança, completou 55 anos em julho. E a declaração do astronauta Neil Armstrong estava correta, segundo astrônomos e cientistas: a missão até hoje impacta a sociedade.
O projeto Apollo, nascido em um contexto de Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, que entraram em uma corrida espacial para a Lua, resultou em imensos avanços tecnológicos, dos mais variados. É o que aponta o professor associado do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo, Roberto D. Dias da Costa.
“Toda a humanidade se beneficia dos imensos avanços tecnológicos do projeto Apollo. Um dos maiores exemplos é a miniaturização da eletrônica. Estamos cercados de tecnologias que operam com circuitos integrados, desde computadores e telefones celulares até a fechadura digital de casa”, pontua.
Segundo o professor, durante os projetos da nave que pousaria na Lua, o espaço disponível para um computador de bordo era do tamanho de um micro-ondas pequeno. “Sendo que na época, um computador tinha no mínimo o tamanho de uma geladeira. Então foi preciso pensar na miniaturização dos componentes para construir algo que coubesse no espaço disponível”, indica.
Além disso, o projeto, como o professor aponta, trouxe alguns avanços curiosos para o dia-a-dia da humanidade. Confira abaixo a lista dos ‘grandes saltos da humanidade’ que o pouso na Lua trouxe:
Cobertor térmico
Sabe aquele cobertor térmico, de cor prata e muitas vezes usado em emergências, acampamentos, corridas ou até em casos policiais? É uma criação da NASA para os astronautas e para isolar a temperatura de telescópios, satélites e proteger componentes do Sol.
O material, criado em 1964 durante o projeto das missões Apollo, foi uma solução leve para proteger não só as espaçonaves, mas também a equipe das flutuações extremas de temperatura no espaço.
Forno micro-ondas
No retorno da missão à Lua, os astronautas passaram alguns dias em uma quarentena, já que não se sabia dos riscos biológicos de ir até o satélite espacial. Sem espaço para cozinhar, a NASA encomendou um micro-ondas em miniatura, já que os da época eram enormes.
Com a mudança, os astronautas puderam aquecer refeições congeladas, algo que chegou para a sociedade pouco tempo depois e mudou a maneira de se alimentar e a relação da humanidade com a comida.
Velcro
Criado em 1941, o Velcro anos depois foi popularizado pelo uso na missão que pousou na Lua. Os fechos, hoje conhecidos principalmente no vestuário, calçados e usos variados, foram usados pela NASA para a engenharia da viagem.
Para resolver questões incluindo o ambiente inóspito da Lua, a gravidade zero e dar maior destreza, o Velcro foi utilizado para dar suporte aos astronautas, já que eram à prova de corrosão, duráveis e flexíveis.
Previsão das marés
Sabe quando na previsão do tempo é falado da variação das marés, ou de que alguma região terá ressaca? A missão até a Lua influenciou isso. Segundo o professor Roberto D. Dias da Costa, até hoje os estudos das variações da distância Terra-Lua são feitas por refletores de raios laser deixadas pela missão Apollo.
“Como a velocidade da luz é bem conhecida, é feito um disparo de laser da Terra, mede-se o tempo transcorrido para a luz ir até a Lua e voltar. Tem-se daí a distância com precisão de milímetros. Essa técnica é muito usada e fundamental para estudos de marés, por exemplo”, conta.
Monitores de saúde
A corrida espacial também rendeu frutos para a medicina. Durante os voos tripulados até o dia do pouso na Lua, a NASA desenvolveu uma forma de monitorar a pressão, respiração e atividade cardíaca dos astronautas, ao lado de um laboratório criado para avaliar a saúde da tripulação.
A Spacelabs Medical criou sensores que mandavam em tempo real a situação dos tripulantes das missões Apollo. Com o sucesso do trabalho da telemetria médica, a empresa fez a transição do espaço para os hospitais.
Ainda durante a missão Apollo, em meados dos anos 60, a empresa lançou os primeiros sistemas de monitoramento para unidade de terapia intensiva (UTI). Foi em 1966que a Spacelabs expandiu a linha de produtos para hospitais civis e em 1968 que novos produtos de monitoramento surgiram.