Em entrevista exclusiva para a Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira (12), João Doria disse que o mal estar diplomático causado pelas falas do presidente Jair Bolsonaro contra os chineses travou a chegada de 10 mil litros Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), necessários para fazer a CoronaVac. Com isso, o Instituto Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac, vai parar a produção da vacina contra a covid-19 partir deste sábado (15) pela falta do insumo.
“O embarque já poderia ter sido feito no final do mês de abril. Dado aos ataques do presidente Jair Bolsonaro, dos filhos do presidente Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes, houve um recuo do governo chinês para a liberação do embarque desses 10 mil litros de IFA para o Brasil”, afirmou o governador de São Paulo ao Jornal Gente. Ouça a íntegra da entrevista no vídeo acima.
Doria explicou que a liberação do insumo depende do governo chinês - cláusula prevista no contrato com o governo de São Paulo -, apesar da Sinovac ser um laboratório privado. Ele exemplificou que o IFA foi liberado normalmente da China para outros países, como o Chile.
Ele afirmou ainda que a China já expressou ao próprio ministro Paulo Guedes, que também acusou os chineses recentemente pelo vírus, o desejo de que o governo federal faça uma retratação. E voltou a criticar Bolsonaro, que insinuou que os chineses são os responsáveis por criar o coronavírus em fala no último dia 5 de maio. O presidente negou os ataques.
O governador foi questionado se a posição da China, retendo os insumos de propósito, não estaria impondo uma punição a todo o povo brasileiro por conta das declarações recentes de Bolsonaro e Guedes.
“O governo da China não está punindo a população brasileira. Mais de 55 milhões de vacinas aplicadas nos brasileiros são vacinas com insumos da China. A China está salvando o Brasil, e não matando o Brasil. A China está protegendo a vida de brasileiros”, opinou.
A Rádio Bandeirantes já procurou a Embaixada da China pedindo um posicionamento sobre as declarações do governador de São Paulo.
Nesta quarta, o Butantan entregou o último lote das 46 milhões de doses da CoronaVac previstas no primeiro contrato com o Ministério da Saúde. Na próxima sexta (14), está prevista a entrega do primeiro milhão de doses do segundo contrato, que prevê a aquisição de mais 54 milhões de unidades do imunizante junto ao Instituto.