Doria critica Bolsonaro por insinuação de que China teria criado coronavírus

Governador de SP voltou a rebater presidente durante evento de entrega de lote da CoronaVac

Da Redação, com Rádio Bandeirantes

Durante liberação de mais 1 milhão de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde nesta quinta-feira (6), o governador de São Paulo João Doria voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro pela insinuação que a China pode ter criado o coronavírus para benefício próprio. As informações são de Bruna Barboza, da Rádio Bandeirantes.

“É lamentável que depois do ministro Paulo Guedes falar mal da China, da vacina, criticando o governo chinês, agora o presidente Jair Bolsonaro seguindo na mesma linha. É inacreditável que, diante de uma circunstância que precisamos salvar vidas e ter mais vacinas, tenhamos alguém criticando a China, o nosso grande fornecedor de insumos para a vacina”, disse o governador, que se referiu também à fala do ministro da Economia durante reunião que vazou, no último dia 27 de abril, onde ele alegou que “os chineses inventaram o coronavírus”, e que a vacina do país é "menos efetiva" do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, também rebateu as falas de Bolsonaro.

“Essas especulações contêm inúmeras inverdades. Primeiro, de que o vírus teve a sua produção – essa é a palavra que tem sido usada – na China e que faz parte de uma guerra biológica. Uma coisa mirabolante. A OMS fez uma auditoria em Wuhan e deixou claro as condições de surgimento do vírus. Relatório disponibilizado para o mundo. Outro ponto: a China fez o que o Brasil não fez, controlou o vírus”, criticou. 

A sensação do Butantan, que faz as negociações com os chineses pelo IFA para a produção da vacina, é de que a burocracia fica ainda mais dificultada com as declarações de governantes brasileiros contra a China. A chegada do insumo foi adiada novamente, agora para 13 de maio - estava prevista para abril. A quantidade disponibilizada também diminuiu de 3 mil litros para 2 mil.

Durante evento da secretaria da Comunicação nesta quarta (5), o presidente não citou nominalmente a China, mas sugeriu nas entrelinhas que o principal parceiro comercial do Brasil foi o responsável pelo surgimento do coronavírus, apesar da falta de evidência científica dessa acusação.  

“É um vírus novo, ninguém sabe se de laboratório ou nasceu porque algum humano comeu animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que a guerra é química, bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, indagou.  

“Eu falei a palavra ‘China’ hoje de manhã? Não falei. Eu não falei a palavra ‘China’, não está no meu discurso de quase 30 minutos de hoje. Muito maldade tentar um atrito com um país que é muito importante para nós e nós somos importantes para eles também”, se defendeu. 

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