Durante a última manhã de 2022, mais uma movimentada na panificadora A Santista, Carlinhos se dividia entre atender os clientes, a imprensa e fãs de Pelé que visitavam o local e o monumento do Rei do futebol na praça em frente à padaria. Ao parar para conversar com a Band, o empresário de 65 anos diz preparar ainda mais homenagens para o Rei do futebol, que morreu aos 82 anos na última quinta-feira (29).
Ele, que já havia feito a homenagem da estátua em frente à padaria, com o auxílio de amigos e patrocinadores, pretende reformar o estabelecimento e homenagear Pelé na reforma. “A gente queria soltar rojões quando o cortejo chegasse em Santos, mas o presidente do clube achou melhor não, pois pode machucar alguém. Então a gente pretende fazer algo com o cortejo, jogar rosas, bater palmas e pensamos em algo no futuro aqui na padoca”, explica.
Mas logo após a notícia da morte do Rei do futebol, a equipe da padaria plantou uma muda de pau-brasil no canteiro da estátua de Pelé. O luto de Carlinhos se mistura a outro luto: ele perdera a filha há três meses, vítima de uma esclerose lateral amiotrófica. “Eu já estava meio mal, porque também perdi minha filha, sei como a família do Pelé se sente. Eu até parei de fazer os aniversários de jogadores do Santos por causa disso, da perda da minha filha. Agora acontece isso do Pelé”, lamenta.
Para Carlinhos, Pelé foi a razão para ele abrir a padaria e por ele ter tanto carinho pelo Santos. "Ele é tudo, a capital do Brasil no mundo. Quando ele fala Brasil, é Pelé, ele era o futebol, sem ele não existe.
O dono da padaria conta que conheceu Pelé anos depois de abrir a padaria. “O conheço pessoalmente há 15 anos. Eu já tinha a padaria quando, logo após uma vitória do Santos em cima do Corinthians, me chamam e é o Pelé me chamando e fazendo o famoso soco no ar da janela do carro. Na hora eu pensei: ‘meu Deus, o Pelé me conhece!’", diz.
Apesar da amizade, Carlinhos diz que Pelé não o visitava tanto, devido ao assédio do público. "Ele não vinha muito na padaria, porque sempre ocorria um tumulto, era uma festa. O irmão dele, Zoca, vinha, a mãe, mas a visita do Pelé era mais rara por causa do tamanho dele para o futebol”, comenta.
Mesmo com as poucas visitas, Carlinhos lembra uma vez que Pelé insistiu em visitar a padaria. “Teve uma vez que ele ligou e disse que viria, brincou dizendo: ‘Hoje não vai ter whisky, vai ser pingão mesmo’. Foi o maior tumulto, maior festa, isso numa época que a gente nem tinha celular”, relembra, rindo.