Discurso de Bolsonaro na ONU tem repercussão negativa na comunidade internacional

Pronunciamento foi recebido com ressalvas por representantes da OMS, ONGs e imprensa

Da Redação, com BandNews TV

O discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta terça-feira (21), na abertura da Assembleia Geral da ONU, repercutiu negativamente entre a comunidade internacional. É o que explica o colunista Jamil Chade, da BandNews TV.

Os jornais estrangeiros apontaram para frases bastante complicadas no pronunciamento, principalmente no que se refere à pandemia da Covid-19. Também ONGs internacionais, como a Human Rights Watch, a Transparência Internacional e a Conectas questionaram justamente as posições trazidas por Bolsonaro. 

Acima de tudo, os governos estrangeiros ficaram bastante indignados com algumas das posições apresentadas pelo Brasil. Em especial a respeito do chamado “tratamento precoce”, principalmente representantes da OMS (Organização Mundial da Saúde) alertando que esses tratamentos simplesmente não funcionam e que Bolsonaro usou a tribuna principal da diplomacia internacional - que é justamente a sala da Assembleia Geral – para criar uma situação constrangedora para a instituição, que vem alertando contra o uso desses remédios.

A questão é bastante complicada porque também tem relação direta com a ciência e a crença na ciência. Trata-se de um ponto absolutamente fundamental dentro da OMS. 

Outra questão muito comentada: a questão climática e de indígenas. Esses dois capítulos também são bastante presentes no debate internacional, e as falas do presidente, com poucos detalhes e informações sobre o que pretende fazer agora para reforçar a proteção dos povos indígenas, deixaram a desejar, preocupando a comunidade internacional. 

Todos apontaram para um descrédito ainda maior do Brasil após o discurso - que segundo essas delegações, surpreenderam, porque a esperança era de que Bolsonaro fizesse um gesto que fosse buscar na comunidade internacional algum tipo de respaldo ou dando alguma brecha para o diálogo. 

Exista ainda uma esperança de que o Brasil volte à comunidade internacional de nações. O Brasil continua sendo uma economia muito importante no mundo, que tem um peso muito significativo na América Latina. Por isso, uma instabilidade no Brasil não é boa para ninguém em nenhum lugar do mundo. 

Existe sempre a esperança que o Brasil mude não só seu tom do discurso, mas suas práticas. Isso ficou muito claro na OMS nos últimos meses com a saída de Eduardo Pazuello do cargo de ministro da Saúde e entrada de Marcelo Queiroga para a posição. A partir da mudança, a instituição achou que havia reestabelecido o diálogo com a pasta.

As expectativas internacionais não foram cumpridas – pelo contrário. O discurso foi considerado mais radical que o de 2020, focado na disputa eleitoral no Brasil, e não na comunidade internacional.

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