Diretor da SBP critica consulta pública do ministério: "Desnecessária"

“Acho válido ouvir o que a população pensa, mas não para tomada de decisão", disse o pediatra

da Redação com BandNews TV

Governo ainda não decidiu se inclui crianças no PNI Marcelo Camargo/Agência Brasil
Governo ainda não decidiu se inclui crianças no PNI
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O pediatra infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), criticou nesta quinta-feira (23) a consulta pública aberta pelo Ministério da Saúde para debater a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra covid-19

“É um ato totalmente protelatório e desnecessário que coloca, mais uma vez, a posição de dúvida para a população. Nós já avaliamos com a Câmara Técnica, a Anvisa já se posicionou a respeito da segurança, a grande maioria dos países da Europa já estão utilizando a vacina, assim como Estados Unidos e Canadá", disse em entrevista à BandNews TV

"Adiar [a imunização] para ouvir o que leigos pensam disso? ‘Eu tenho medo de vacinar, não quero vacinar meu filho’... Isso você pode fazer com pesquisa de opinião. Não precisa adiar a vacinação das crianças, retardar uma decisão para entender o que a população pensa. Encomende uma pesquisa, há vários institutos que podem fazer”, completou. 

Renato Kfouri ressaltou que nenhuma estratégia de saúde pública foi definida até hoje no país através de uma "consulta para leigos" e destacou o “trabalho exemplar” feito pela Anvisa na análise de segurança e eficácia dos imunizantes. 

“Acho válido ouvir o que a população pensa, mas não para tomada de decisão, ainda mais durante uma emergência sanitária (…). A Anvisa faz um trabalho exemplar. O mesmo rigor que teve na aprovação de vacina para adultos teve agora com a vacina da Pfizer para crianças. É o mesmo rigor que impediu a aprovação da Coronavac, submetida ontem. É um órgão respeitado que presta contas de tudo que faz", afirmou.

“Os servidores da agência deveriam ter o nome divulgado para receber homenagens, medalhas, e não para serem ameaçados. A gente deveria ter os nomes de quem atrasa a vacinação no país, de quem demorou para comprar as doses, de quem é contra a vacinação e tenta fazer propaganda", concluiu, fazendo referência à ameaças feitas a servidores da agência por parte do governo federal e do próprio presidente Jair Bolsonaro. 

"Consulta pública não é grupo de zap"

Mais cedo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, conversou com jornalistas em Brasília e rebateu as críticas que a pasta tem recebido a respeito da consulta pública e da demora em incluir a vacinação de crianças no Programa Nacional de Imunizações (PNI). 

“O lugar de discutir esses temas é o Ministério da Saúde. A consulta pública visa ouvir a sociedade. Isso não é uma eleição, não é para opinião de ‘grupo de zap’, como estão falando por aí. Queremos ouvir a sociedade, incluindo os especialistas", declarou.

“Mas não podemos ouvir os especialistas nos canais de televisão. O ministério não se guia por opiniões que são exaradas na TV, embora respeitemos a imprensa e o valor da mídia que leva informações de qualidade à população."

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