Dino fala em prudência na retirada de intrusos de reserva Yanomami

Garimpeiros e mulheres que foram à região para cozinhar ou se prostituir pediram resgate do governo

Da Redação, com BandNews FM

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta segunda-feira (6) que é necessário ter prudência na retirada de garimpeiros e prestadores de serviços da região de reserva indígena Yanomami, em Roraima. 

Um reforço das forças de segurança federais que atuam em Roraima para retirar garimpeiros ilegais de terras indígenas, incluindo as áreas de indígenas Yanomami, também foi determinador. Dino disse que a ordem é evitar conflitos.

“É preciso entender a complexidade da operação. Estamos tratando de dezenas de milhares de pessoas. É preciso ter prudência para que a desintrusão ocorra”, disse à reportagem da rádio BandNews FM . 

“Hoje atendi pedido relativo a Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] e Ministério dos Povos Indígenas para reforçar segurança. Determinei o deslocamento de cem integrantes da Força Nacional a Roraima para fortalecer bases da Funai e postos de saúde. Teremos a atuação da PF com apoio das Forças Armadas para desintrusão. Esse não é caminho de impunidade. Uso da força sem planejamento poderia piorar a situação em Roraima”, disse. 

No Twitter, Dino disse que operação visa a paz. “Dando cumprimento ao decreto do presidente Lula, determinei a ampliação da presença da Polícia Federal e da Força Nacional em Roraima, ao longo desta semana. Queremos que a desintrusão das terras indígenas ocorra em PAZ, sem conflitos. Contamos com a colaboração de todos”, escreveu.

Dino ressaltou que houve a decretação da zona de exclusão aérea e que o fluxo de garimpeiros e apoiadores administrativos deixará a área nos próximos dias. O ministro também ressaltou que as investigações de crimes cometidos na região seguem em investigação.

“As investigações que cabem a PF prosseguem. Todos aqueles que cometeram crimes de garimpo e lavagem de dinheiro continuarão a ser investigados. De um lado temos a desintrusao, do outro a investigação”, disse. 

“Essa é uma prioridade desta semana do Ministério da Justiça”, disse.

Saída espontânea

O governador de Roraima, Antônio Denarium, afirmou domingo (5) que pediria ajuda do governo para os garimpeiros ilegais que começaram a deixar as terras indígenas após o reforço das ações de segurança. Grupos fugiram, nos últimos dias, pelas matas e por rios.

Ele disse que relatou a situação aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa) e propôs ao governo federal que o auxiliasse no apoio à saída de quem se encontra em área de garimpo e que escolheu a saída espontânea e pacífica. 

“Ouvi sua proposta de auxiliar os trabalhadores que estão saindo do garimpo de forma espontânea e informei a ele que iremos avaliar com muito carinho, pois o governo Lula não quer nenhum tipo de confronto, buscaremos o diálogo sempre que como primeira opção”, disse o ministro da Defesa, José Múcio. 

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, esteve em Roraima este final de semana e afirmou que com a saída dos garimpeiros a operação pode diminuir. 

"Temos essa informação já, que muitos garimpeiros estão saindo. Mas é bom que saia mesmo, porque assim a gente até diminui a operação que precisa ser feita para retirar 20 mil garimpeiros. Se eles saem sem precisar dessa força de segurança, dessa força policial, então, melhor pra todo mundo.", disse.

Pedido de socorro

Garimpeiros e mulheres que foram para o garimpo cozinhar ou se prostituir gravaram vários vídeos pedindo socorro às autoridades para saírem da região, com o bloqueio aéreo e a expectativa de uma grande operação na Terra Indígena Yanomami.

Em um vídeo, garimpeiros relataram caminhadas de 30 dias pela floresta e barcos lotados para deixar a área indígena e chegar a alguma região urbana. Muitos doentes e mulheres continuam no garimpo sem ter como sair.

Com bloqueios promovidos pelas Forças Armadas, os garimpeiros e mulheres afirmaram que estão sem alimento e que o transporte por helicóptero ficou mais caro. 

"Não estão resgatando ninguém, a gente está preso aqui e não vai ter mais alimentação. Os indígenas vão começar a ficar estressados, porque a gente que dá comida para eles. Nos ajudem", diz uma mulher em um vídeo gravado junto a um grupo de outras mulheres. 

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