Na cúpula Rússia-África, Dilma volta a defender transações comerciais sem dólar

Presidente dos Brics discursou na abertura da cúpula Rússia-África, nesta quinta-feira (27), em São Petersburgo

Da Redação

Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, ou o Brics, discursou na abertura da cúpula Rússia-África, em São Petersburgo. 

A presidente do banco dos Brics voltou a defender mudanças no sistema financeiro internacional, com o uso de moedas locais para transações comerciais. 

“Nosso objetivo é captar recursos em diferentes mercados e moedas, financiar mais projetos em moedas locais. O Novo Banco de Desenvolvimento captará recursos em diversos mercados mundiais e em diferentes moedas, não apenas em dólar ou euro”, declarou Dilma Rousseff.  

Dilma afirmou que o Brics vai buscar financiar uma parcela maior dos projetos em moedas locais, com o objetivo de fortalecer os mercados de capitais, de favorecer o investimento privado, “porque nós temos que proteger nossos países e aqueles que tomam nossos empréstimos do setor privado dos riscos de flutuação cambial”. 

Na fala, ela criticou políticas protecionistas e unilaterais, assim como as sanções para fins geopolíticos. 

“Políticas protecionistas e unilaterais vêm prejudicando, de modo especial, os países em desenvolvimento e os mercados emergentes. O uso de sanções para fins geopolíticos e as tentativas de estender a jurisdição interna de um só para fora de suas fronteiras agrava os problemas existentes”, declarou a presidente dos Brics. 

Reunião com Putin 

Dilma Rousseff, e reuniu nesta quarta-feira (26) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em São Petersburgo. No encontro, ela disse que “o banco tem que ter um papel importante na formação de um mundo multipolar", e, para isso, o Brics deve estar preparado para captar recursos nos mercados dos países parceiros. 

O presidente russo afirmou que o dólar nas finanças mundiais é usado como instrumento de luta política e destacou a importância de desenvolver os Brics. "Nas condições atuais, não é fácil fazer isso, dado o que está acontecendo nas finanças mundiais e o uso do dólar como instrumento de luta política. As relações entre nossos países, dos Brics, estão se desenvolvendo em moedas nacionais, e os acordos estão aumentando", declarou. 

Em comunicado, o banco disse que o objetivo de ambas as reuniões bilaterais é verificar as opiniões dos países membros sobre o papel do órgão na cúpula dos Brics, que será realizada em agosto, em Joanesburgo. 

O Brics descartou, também, novos projetos na Rússia e “opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados financeiros e de capitais internacionais”, relacionados às sanções relacionadas à guerra na Ucrânia.

Putin não irá na cúpula dos Brics 

Vladimir Putin não participará da cúpula dos Brics na África do Sul, que será realizado em agosto, por acordo mútuo. A informação foi confirmada pela presidência sul-africana em 19 de julho. 

“Por mútuo acordo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará na Cimeira, mas a Rússia será representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, o senhor Sergey Lavrov”, disse Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. 

A cúpula dos Brics, grupo que também reúne Brasil, Índia e China, será entre os dias 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo. A África do Sul enfrentava um dilema ao sediar o encontro, diante da possibilidade de Putin estar presente.

Vladimir Putin é alvo, desde março, de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra. Isso significa que, se o presidente russo visitar qualquer país integrante do TPI, ele deve ser preso. Este é o caso da África do Sul, que segue a jurisdição da Corte.

O governo sul-africano chegou a pedir autorização à Corte, com sede em Haia, para não cumprir a medida. O mal estar se agravou ainda mais nesta semana, depois que o principal partido de oposição sul-africano procurou a justiça para forçar o governo a cumprir a detenção. Em resposta, o presidente Cyril Ramaphosa afirmou que prender Vladimir Putin seria uma declaração de guerra à Rússia. 
 

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