Desmatamento no Cerrado cresce 238% em novembro

Por outro lado, alertas de desmatamento na Amazônia Legal caíram quase 64%. Dados do INPE são comparativos ao mesmo mês de 2022.

Por Deutsche Welle

Desmatamento no Cerrado cresce 238% em novembro
DW

O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, teve um aumento de 238% nos alertas de desmatamento em novembro em comparação com o mesmo mês de 2022, mostram dados do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgados nesta sexta-feira (08/12).

É a maior taxa de desmatamento em novembro desde que começou esse tipo de monitoramento, em 2017.

A área total com alertas de desmatamento subiu para 571,6 km² em novembro, frente a 168,87 km² no mesmo mês de 2022.

O Cerrado brasileiro é considerada a área de savana com maior biodiversidade do mundo, mas está seriamente ameaçada, alertam ambientalistas.

Entre agosto de 2022 e julho de 2023, o Cerrado atingiu o nível mais alto de desmatamento em um ano desde 2015. No total, 11.011 km² de vegetação nativa foram perdidos, segundo dados do INPE.

"A devastação cada vez mais rápida [do Cerrado] também terá efeitos alarmantes sobre a agricultura e o abastecimento de água das pessoas em médio prazo", explica Roberto Maldonado, da organização ambiental WWF.

O Cerrado cobre cerca de 25% do território brasileiro, com uma área entre 1,8 e 2 milhões de km² espalhados pelos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí e São Paulo e pelo Distrito Federal.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estima-se que o bioma abrigue mais de 6 mil espécies de árvores e 800 de aves.

Queda de 64% do desmatamento na Amazônia

Por outro lado, os alertas de desmatamento na Amazônica Legal caíram 63,7% em novembro em relação ao mesmo mês do ano anterior, o nível mais baixo para o mês desde 2015, quando começaram esses registros.

De acordo com dados recolhidos pelos satélites do Sistema de Deteção de Desflorestamento em Tempo Real (Deter) do INPE, 201,1 km² da maior floresta tropical do mundo foram desmatados no mês passado.

Os dados foram parcialmente influenciados pela nebulosidade: este ano, 21,74% da região não pôde ser observada devido às nuvens, enquanto em 2022 essa taxa foi menor, de 15,03%.

Nos primeiros 11 meses do ano, os dados preliminares do INPE mostram que o desmatamento na região caiu 50,5%, para 4.977 km², o menor nível para o período desde 2018.

Os resultados positivos foram registrados apesar de a região amazônica estar enfrentando uma seca histórica, que reduziu o fluxo dos principais rios a níveis sem precedentes e aumentou os alertas sobre possíveis incêndios ligados ao desmatamento.

Brasil quer retomar protagonismo

Antes da Conferência do Clima em Dubai (COP28), o governo havia anunciado uma redução de 22,3% no desmatamento na Amazônia nos doze meses até julho, o melhor resultado em quatro anos, de acordo com o INPE.

"As ações do governo conseguiram reduzir fundamentalmente o desmatamento na Amazônia, embora ainda existam muitos desafios", disse Ana Carolina Crisóstomo, especialista em conservação do WWF-Brasil. "No entanto, no momento, é essencial priorizar as ações no Cerrado", acrescentou. Sua destruição "põe em risco a segurança hídrica e a produção agrícola" no Brasil.

Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil quer retomar o protagonismo na defesa do meio ambiente, status perdido na presidência de seu antecessor, Jair Bolsonaro. "O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo", disse Lula na COP28. "Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos. Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030", afirmou ele em Dubai.

le/bl (DPA, KNA, Reuters, AFP, Lusa)

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