O deputado estadual Douglas Garcia (Reppublicanos) hostilizou a jornalista Vera Magalhães nos bastidores do debate da TV Cultura com os candidatos a governadores de São Paulo, na noite da última terça-feira (13).
O parlamentar se aproximou da apresentadora do programa de entrevistas “Roda Viva” para questioná-la sobre o contrato dela com a TV Cultura. A partir disso, ambos iniciaram uma discussão. Bolsonarista, Garcia era um dos integrantes da equipe de staff do ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos).
O deputado repetiu a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao dizer que Magalhães é uma vergonha para o jornalismo brasileiro, quando participava do debate presidencial na Band.
Nas redes sociais, a jornalista informou que registrará um boletim de ocorrência contra Garcia por ameaça. Ela ainda cobrou um posicionamento do candidato Tarcísio, que telefonou para Magalhães e repudiou os ataques sofridos.
“Eu estava sentada na primeira fileira vendo meu celular. Vou registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra o deputado Douglas Garcia, do PL. Há centenas de testemunhas. Usou o convite no estafe de Tarcisio Freitas no debate apenas para vir mentir e me acossar e ameaçar”, escreveu Magalhães.
Após o telefonema, Tarcísio usou as redes sociais e fez uma declaração pública de repúdio contra Garcia. O candidato disse que a postura do deputado é incompatível com a democracia e que não representa o que a campanha defende em relação à imprensa.
Já Garcia, em vídeo publicado na manhã desta quarta-feira (14), disse que não se arrepende das falas contra a jornalista. Por outro lado, o parlamentar estadual pontuou que, se há alguém para se desculpar, essa pessoa é o Tarcísio.
“Se é para eu pedir desculpas para alguém, não é para jornalista nenhum. Eu devo pedir desculpas é para o Tarcísio. Eu sou adulto. Tarcísio é adulto”, disse Garcia. O deputado negou ter agredido Magalhães.
Repercussão
Candidatos à presidência comentaram nas redes sociais o incidente. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou: “Triste com o desrespeito contra a jornalista Vera Magalhães por um deputado bolsonarista no debate de São Paulo. Debates deveriam ser notícia pelas propostas, não por ataques contra mulheres jornalistas, promovidos por quem vive do ódio e não gosta da democracia”.
Ciro Gomes (PDT), escreveu: “A escalada de ataques de bolsonaristas à jornalista Vera Magalhães já chegou ao ponto máximo, e tem que ser visto como uma múltipla ação terrorista que afronta não apenas uma mulher e jornalista independente, mas toda uma sociedade democrática. Os cães raivosos, como Douglas Garcia, não agiriam com tanta desenvoltura se não tivessem, de um lado, o estímulo e o apoio de Bolsonaro, líder da facção, e do outro, a passividade das autoridades. A mesa do Legislativo paulista também não pode ficar em silêncio”.
Simone Tebet (MDB), afirmou: “Espero que a Polícia Civil de São Paulo, a Assembleia de São Paulo e o partido Republicanos tomem providências para punir mais essa violência. Abraço e força, Vera Magalhães”.
Jair Bolsonaro (PL), Soraya Thronicke (União) e Felipe d'Ávila (Novo) ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o fato.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou: “O que ocorreu ontem após o debate dos candidatos ao Governo de SP é lamentável por muitos motivos. Em primeiro lugar, não há justificativa para provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho, sem que ela tenha dado qualquer motivo para isso. Se havia algo a ser questionado, com certeza aquele não era o local nem o momento mais adequado. Até porque, como parlamentares, temos meios para questionar, exigir documentos e fazer uma fiscalização eficaz, capaz de sanar qualquer dúvida sem lacradas ou mitadas. Diante disso, reitero que lamento o ocorrido ontem e que considero esse tipo de constrangimento gratuito injustificável. Também peço a todos que observem quem sabe trabalhar em equipe, se dedicar a um projeto maior do que si próprio e buscar resultados sem fazer muito barulho”