O deputado bolsonarista Luiz Miranda (DEM-DF) diz que alertou pessoalmente o presidente sobre possíveis irregularidades na compra da vacina Covaxin. Ele e o irmão, que é servidor do Ministério da Saúde, vão ser ouvidos pela CPI da Pandemia na sexta-feira (25).
"Os valores estavam muito acimada das demais, todos os custos seriam nossos e o invoice de pagamento estava no nome de uma empresa que não era a contratada", afirma ele.
Os valores estavam muito acimada das demais
O deputado apontou que levou pessoalmente as denúncias a Jair Bolsonaro no dia 20 de março: "A gente entrega toda a documentação, comprovamos tudo para o presidente, e presidente afirma que iria dar provimento, estaria encaminhando naquele momento para o diretor da Polícia Federal. Ele entendeu a seriedade do caso".
Miranda conta que não teve mais respostas de Bolsonaro sobre o caso: "O presidente disse para eu falar com o chefe de gabinete dele, mas ele nunca agendou um retorno". O deputado afirma que não foi procurado pela PF.
O presidente disse para eu falar com o chefe de gabinete dele, mas ele nunca agendou um retorno
O parlamentar é irmão do chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Fernandes Miranda, que foi pressionado para autorizar a importação das vacinas. Ele diz que chegou a questionar o irmão se não se tratava de procedimento comum. "Não existe isso dentro do ministério. Nunca aconteceu isso (...) forma criminosamente irregular. Se fizer da forma que está, é crime. Como é que eu vou pagar uma empresa que não foi a contratada?", teria respondido o servidor.
Miranda conta ainda que, segundo o seu irmão, não havia o mesmo interesse em outros imunizantes: "Ninguém nunca ligou para nenhuma outra vacina".
Em 2020, uma pressão parecida aconteceu e culminou com uma demissão do servidor, só que o deputado conseguiu a recontratação junto a Pazuello.
Vídeo: Pazuello sabia de irregularidades na compra da Covaxin, diz deputado
“Existia um desconforme muito grave na documentação, onde o contrato feito com ‘A’ e a empresa ‘B’ tinha ainda um invoice emitido para uma empresa ‘C’, que não constava no contrato. Nesse momento, ele quer declinar, não quer fazer, não quer agir, não quer assinar, e ele já tinha denunciado no passado outras situações. E as consequências foram um pedido de exoneração no cargo em 2020, que eu consegui reverter junto ao Pazuello, quando eu pressiono o ministro perguntando: ‘Me aponte o que ele fez de errado que eu fico calado. Caso contrário, não vou aceitar’. Vou para cima do Ministério, e aí eles suspendem a exoneração em 2020. Mas em 2021, ele começa a sofrer o mesmo tipo de pressão”, diz ele.
A A Procuradoria da República do Distrito Federal abriu uma investigação preliminar para apurar a compra de doses da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde por um preço 1.000% mais caro do que aquele que o próprio fabricante, o laboratório Bharat Biotech, anunciava seis meses antes.
Luis Miranda afirma que levou provas ao presidente sobre irregularidades na compra da Covaxin; ouça entrevista para a BandNews FM na íntegra