São Paulo completa 469 anos neste 25 de janeiro de 2023. E a maior cidade da América Latina precisou de milhões de mãos para se tornar a mais imponente da região composta por países de línguas românicas. Na linha do tempo dos últimos quatro séculos e meio, mulheres, paulistanas ou não, trabalharam muito para que a terra da garoa virasse o principal símbolo de desenvolvimento do Brasil.
Neste texto, a Band lista sete mulheres que marcaram a história de São Paulo ao longo de 469 anos. Da marquesa de Santos à Hebe Camargo, feitos heroicos e comportamentos controversos ajudaram a moldar o imaginário paulistano em vários segmentos, como o econômico, artístico, cultural e midiático. Veja a abaixo!
Domitila de Castro (marquesa de Santos)
Bem mais que amante do imperador Dom Pedro I, Domitila de Castro do Canto e Melo, “Titília” para os mais íntimos ou até mesmo marquesa de Santos para a nobreza, fez história em meio à fama de caridosa, apesar das posturas controversas, de acordo com o código moral em meados do século XIX.
De acordo com o Museu da Cidade de São Paulo, Domitila era engajada com as questões nacionais. “Como brasileira, e brasileira paulista”, doou vultosas quantias ao Império durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), conflito envolvendo o Brasil sobre o controle do que hoje é o Uruguai. Na Guerra do Paraguai (1864-1870), chegou a abrigar tropas na própria fazenda e até presenteava os militares com dinheiro.
Domitila é tida como “extremamente caridosa” pelos historiadores. Ela está entre os que ajudaram a Santa Casa de Misericórdia a ter uma sede própria. Também doou dinheiro para a construção da capela do Cemitério da Consolação e de uma casa para dispensário médico.
Anita Malfatti
Pintora, Anita Malfatti é um dos símbolos do Modernismo brasileiro. Nascida em São Paulo, em 1889, o primeiro contato dela com artistas modernistas foi quando estudou em Berlim, entre 1910 e 1914.
A primeira exposição de Malfatti foi em 1917, em São Paulo, com o apoio de Di Cavalcanti, outro grande pintor brasileiro. Críticas negativas feitas por Monteiro Lobato motivaram uma onda de apoio da classe artística à pintora, o que deu início a um movimento para divulgar o Modernismo no Brasil.
Em parceria com os irmãos Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Pichia, Victor Brecheret, Sérgio Milliet e Heitor Villa-Lobos, entre outros, a artista plástica participou da Semana de Arte Moderna de 1922. O evento é considerado um marco do movimento no Brasil. Malfatti morreu no dia 6 de novembro de 1964.
Tarcila do Amaral
Assim como a amiga Anita Malfatti, Tarcila do Amaral foi um dos ícones do Modernismo no Brasil, apesar de não ter participado da Semana de Arte Moderna de 1922. Entre os sucessos da artista, está o quadro “O Abaporu” e “Os Operários”.
Nascida em Capivari, interior de São Paulo, em 1886, Tarcila se tornou um nome importante da arte na capital após temporada na Europa. Com a amiga Malfatti, os irmãos de escritores Mário e Oswald de Andrade e o romancista Menotti del Picchia, formou o chamado “Clube dos Cinco”, cujas reuniões aconteciam no ateliê dela, na maior cidade da América Latina.
As reuniões fortaleceram a relação da artista com o Modernismo. O desenvolvimento do grupo também foi importante para expor o amadurecimento da produção artística brasileira e as condições de desenvolver a arte moderna no país.
Luiza Erundina
Com a vida dedicada à política, Luiza Erundina se tornou a primeira prefeita de São Paulo em 1998. Paraibana, mudou-se para a capital paulista em 1971, devido à perseguição da ditadura militar. No estado natal, assumiu o primeiro cargo público, em 1958, secretária de Educação de Campina Grande.
Em 1993, depois do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, Erundina foi nomeada ministra da Secretaria da Administração Federal, no governo Itamar Franco. No ano de 1998, já no Partido Socialista Brasileiro(PSB), foi eleita deputada federal por São Paulo.
Nas últimas eleições, Erundina foi eleita novamente como deputada federal com 113 mil votos. Aos 87 anos, este será o sétimo mandato dela.
Madrinha Eunice
Considerada a matriarca do samba de São Paulo, Deolinda Madre, mais conhecida como Madrinha Eunice, foi comerciante e viveu até os 87 anos. O samba dela foi uma grande contribuição para a cultura da maior cidade do país, tanto que ganhou uma estátua na Praça da Liberdade, Centro, em 2022.
Em 1937, foi a responsável por fundar a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, a mais antiga agremiação do gênero da cidade. Em 2023, completará 86 anos em plena atividade.
Madrinha Eunice foi sambista e ativista do movimento negro. O apelido carinhoso surgiu pelo batismo de dezenas de crianças. Ela nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo. Aos 12 anos, mudou-se para a capital e morou no tradicional bairro da Liberdade. Lá, fundou a Lavapés.
Maria Carolina de Jesus
Marco de representatividade negra e feminina na literatura brasileira, Maria Carolina de Jesus é admirada em nível internacional pela obra “Quarto de Despejo”. Nascida em Sacramento-MG, em 1914, a escritora passou a morar em São Paulo em 1937, período em que viu nascer as primeiras favelas na capital.
Carolina e os três filhos, João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus Lima, residiram por um bom tempo na favela do Canindé. Mãe solo, por um bom tempo, sustentou a família por meio da coleta de recicláveis para a venda.
O Literafro, um portal de literatura afro-brasileira vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), caracteriza Carolina como “leitora voraz de tudo o que lhe caía nas mãos”. Não demorou e nela surgiu o gosto pela escrita.
A partir daí, Carolina inicia a trajetória de memorialista, ocasião em que passa a registrar o cotidiano da periferia de São Paulo. A publicação de “Quarto de Despejo” foi em 1960, cuja vendagem recorde atingiu 30 mil exemplares, na primeira edição. Cerca de 100 mil foram vendidos nas segunda e terceira edições.
O livro foi traduzido para 13 idiomas e distribuído em mais de quarenta países. A publicação e a tiragem dos exemplares demonstram o interesse do público e da mídia pelo ineditismo da narrativa. Carolina morreu em 13 de fevereiro de 1977, num pequeno sítio, na periferia de São Paulo, quase esquecida pelo público e imprensa, conforme relata o Literafro.
Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi fez história ao projetar uma obra que é, simplesmente, a cara de São Paulo. O empreendimento trata-se do Museu de Arte de São Paulo, o imponente Masp, localizado na avenida mais famosa de São Paulo, a Avenida Paulista.
Achillina Bo, conhecida como Lina Bo Bardi, é tida como uma das arquitetas latino-americanas mais importantes do século XX. Ela nasceu em Roma, em 1914, e se naturalizou brasileira após a Segunda Guerra Mundial.
Com a chegada ao Brasil, instala-se em São Paulo, onde recebe a missão de projetar o Masp, a pedido do empresário Assis Chateaubriand.
Outra obra emblemática da arquitetura moderna de Lina é a “Casa de Vidro”, onde morou por mais de 40 anos com o marido, Pietro Bardi. O imóvel foi construído entre 1950 e 1951, no Morumbi, zona Sul de São Paulo.
Hebe Camargo
Vítima de um câncer, Hebe Camargo morreu em 2012, aos 83 anos. A diva da televisão brasileira se tornou um dos ícones de São Paulo, do ponto de vista midiático. Pioneira, ela participou da transmissão ao vivo da TV brasileira e ficou conhecida pela espontaneidade com os convidados. Além disso, a apresentadora levantava debates, por vezes, polêmicos ao ar.
Hebe passou por grandes emissoras de TV, a exemplo da Band. A estreia foi em 1979, recebida de pé pelo auditório e convidados.
Em junho de 2022, as redes sociais do Band Entretê exibiram cenas marcantes de Hebe na programação do Grupo Bandeirantes. Fãs puderam ver e rever cenas da apresentadora em trechos de programas que foram ao ar entre 1979 e 1985.